Chef Danielle Dahoui do Ruella organiza passeata para protestar contra arrastões
06/06/13 17:42“E daí?”, eu poderia pensar, do conforto do meu apezinho no primeiro mundo, depois de ler no Twitter e na FOLHA sobre o arrastão que aconteceu no restaurante Ruella no último dia 30.
Moro em um pedaço lindo e verdejante de Montreal, busco minha filha na escola a pé, cruzando um parque mais lindo do que a maioria dos clubes caríssimos de São Paulo. Faço compras de bicicleta. Vivo sem medo.
Mas sou também orgulhosamente paulistana. Vou sempre à minha cidade, onde sofro com o trânsito e o barulho e os preços exorbitantes e o ar cheio de fuligem como todo mundo.
E nunca fingi ser jornalista que não toma partido.
Hoje, apoio fervorosamente a iniciativa corajosa da chef e restauratrice Danielle Dahoui. Ela está organizando uma passeata que – espero – abrirá os olhos dos que são eleitos e pagos para cuidar da cidade.
Dia 30 de junho.
Parque do Povo.
Dez da manhã.
Danielle estava em seu restaurante Ruella dia quando aconteceu o arrastão. Contou aqui na FOLHA, em emocionante texto, o que se passou. Mas fez mais do que reclamar: reagiu construtivamente. Tiro o meu chapeu e digo mais: vou à passeata chova ou faça sol, vestida de preto e pronta para mostrar a minha fúria e juntar-me ao coro.
Que grande vergonha, esses arrastões. Que grande desperdício de dinheiro e imagem assustadora, esses seguranças nas portas dos restaurantes. Mas não adianta mandar mais um carro de polícia para patrulhar. O buraco é BEM mais embaixo. E a solução está justamente em olhar para esses jovens que cometem os crimes.
E Danielle, respondo aqui, abertamente, ao seu pedido de sugestões.
Nos Estados Unidos e no Canadá funciona muito bem – até em bairros dominados por traficantes – o “neighborhood watch”. Isto é um blog de comida, não vou entediar vocês explicando longamente como funciona, mas para resumir, um bairro seguro é um bairro onde vizinhos esforçam-se para conhecerem uns aos outros, criarem um link com a polícia local e vigiarem conjuntamente. Um por todos, todos por um, basicamente.
Vi excelente matéria recentemente no programa de TV 60 Minutes em que um ex-green-beret-transformado-em-policial aplicou nos Estados Unidos (um subúrbio pobre e ultra violento de Massachussets, especificamente) o metódo usado pelo governo americano para levar paz para cidades no Afeganistão. Parece que não tem nada a ver, mas tem. Aos que se interessarem, aqui o link para o vídeo.
E voltando ao “Dia D” – o nome dado ao protesto – quero parabenizar publicamente a Danielle.
Avante!
ADENDO IMPORTANTE:
Desde a publicação deste post, Danielle decidiu retirar-se da organização desta passeata para organizar um outro evento de protesto, um panelaço. A explicação, nas palavras da própria:
“Por motivos de divergências de valores saí da passeata do Dia-D!! Temos visões muito diferentes!! mas vamos criar um PANELAÇO!! Estou unindo forças para lutar por uma vida melhor, para um Brasil justo para as classes B,C,D até a Z!!
Queremos que nossas equipes e a População do Brasil tenham SAÚDE, EDUCAÇÃO, CRECHES, TRANSPORTE e SEGURANÇA!! Não são os restaurantes do Brasil q estão caros, a VIDA NO BRASIL está absurdamente cara! Pagamos zilhões em impostos e, não vemos esse dinheiro sendo revertido p\ nossa População! Não estou pedindo pelo RUELLA e outros restaurantes, estou IMPLORANDO por Brasil justo e honesto!! Vamos começar uma TRANSFORMAÇÃO? …
Prefiro fazer em um parque democrático c/ metrô perto p/ fácil acesso da população, todos de branco ou coloridos, criar um logo de amor e paz!! pedindo segurança, saúde e educação p/ todos os Brasileiros!!
Unindo a População, as ONG’s, Associações, Ativistas, Imprensa, etc e a classe dos restauranteurs!! mostrar qto geramos de emprego e valor pro Brasil!!
De forma organizada q não crie trânsito p/ SP.”