Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

Alexandra Forbes

A gourmet itinerante

Perfil Alexandra Forbes divide seu tempo entre Montreal, São Paulo e restaurantes pelo mundo afora.

Perfil completo

Chef Danielle Dahoui do Ruella organiza passeata para protestar contra arrastões

Por Alexandra Forbes
06/06/13 17:42

Foto postada no Instagram da chef e restauratrice Danielle Dahoui e comentários de seguidores

“E daí?”, eu poderia pensar, do conforto do meu apezinho no primeiro mundo, depois de ler no Twitter e na FOLHA sobre o arrastão que aconteceu no restaurante Ruella no último dia 30.

Moro em um pedaço lindo e verdejante de Montreal, busco minha filha na escola a pé, cruzando um parque mais lindo do que a maioria dos clubes caríssimos de São Paulo. Faço compras de bicicleta. Vivo sem medo.

Mas sou também orgulhosamente paulistana. Vou sempre à minha cidade, onde sofro com o trânsito e o barulho e os preços exorbitantes e o ar cheio de fuligem como todo mundo.

E nunca fingi ser jornalista que não toma partido.

Hoje, apoio fervorosamente a iniciativa corajosa da chef e restauratrice Danielle Dahoui. Ela está organizando uma passeata que – espero – abrirá os olhos dos que são eleitos e pagos para cuidar da cidade.

Dia 30 de junho.

Parque do Povo.

Dez da manhã.

Danielle estava em seu restaurante Ruella dia quando aconteceu o arrastão. Contou aqui na FOLHA, em emocionante texto, o que se passou. Mas fez mais do que reclamar: reagiu construtivamente. Tiro o meu chapeu e digo mais: vou à passeata chova ou faça sol, vestida de preto e pronta para mostrar a minha fúria e juntar-me ao coro.

Que grande vergonha, esses arrastões. Que grande desperdício de dinheiro e imagem assustadora, esses seguranças nas portas dos restaurantes. Mas não adianta mandar mais um carro de polícia para patrulhar. O buraco é BEM mais embaixo. E a solução está justamente em olhar para esses jovens que cometem os crimes.

E Danielle, respondo aqui, abertamente, ao seu pedido de sugestões.

Nos Estados Unidos e no Canadá funciona muito bem – até em bairros dominados por traficantes – o “neighborhood watch”. Isto é um blog de comida, não vou entediar vocês explicando longamente como funciona, mas para resumir, um bairro seguro é um bairro onde vizinhos esforçam-se para conhecerem uns aos outros, criarem um link com a polícia local e vigiarem conjuntamente. Um por todos, todos por um, basicamente.

Vi excelente matéria recentemente no programa de TV 60 Minutes em que um ex-green-beret-transformado-em-policial aplicou nos Estados Unidos (um subúrbio pobre e ultra violento de Massachussets, especificamente) o metódo usado pelo governo americano para levar paz para cidades no Afeganistão. Parece que não tem nada a ver, mas tem. Aos que se interessarem, aqui o link para o vídeo.

E voltando ao “Dia D” – o nome dado ao protesto – quero parabenizar publicamente a Danielle.

Avante!

ADENDO IMPORTANTE:

Desde a publicação deste post, Danielle decidiu retirar-se da organização desta passeata para organizar um outro evento de protesto, um panelaço. A explicação, nas palavras da própria:

“Por motivos de divergências de valores saí da passeata do Dia-D!! Temos visões muito diferentes!! mas vamos criar um PANELAÇO!! Estou unindo forças para lutar por uma vida melhor, para um Brasil justo para as classes B,C,D até a Z!!

Queremos que nossas equipes e a População do Brasil tenham SAÚDE, EDUCAÇÃO, CRECHES, TRANSPORTE e SEGURANÇA!! Não são os restaurantes do Brasil q estão caros, a VIDA NO BRASIL está absurdamente cara! Pagamos zilhões em impostos e, não vemos esse dinheiro sendo revertido p\ nossa População! Não estou pedindo pelo RUELLA e outros restaurantes, estou IMPLORANDO por Brasil justo e honesto!! Vamos começar uma TRANSFORMAÇÃO? …

Prefiro fazer em um parque democrático c/ metrô perto p/ fácil acesso da população, todos de branco ou coloridos, criar um logo de amor e paz!! pedindo segurança, saúde e educação p/ todos os Brasileiros!!

Unindo a População, as ONG’s, Associações, Ativistas, Imprensa, etc e a classe dos restauranteurs!! mostrar qto geramos de emprego e valor pro Brasil!!
De forma organizada q não crie trânsito p/ SP.”

 

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

As formigas do Alex Atala e a moda de comer insetos

Por Alexandra Forbes
05/06/13 18:38

Para quem não viu, hoje foi dia de formiga no COMIDA.

Aqui, o link para a matéria que eu escrevi.

Aqui, o link para galeria de fotos de pratos com insetos.

Insetos comestíveis no Brasil e na Europa, e o PESTIVAL.

e mais sobre o tema:

 

Formigas sobre creme no restaurante Noma

 

Granola que o Nordic Food Lab bolou, feita de larvas de zangão e iogurge das mesmas larvas:

Foto: Josh Evans/Nordic Food Lab

 

Neste link, rápido vídeo que eu fiz mostrando um lance de um jantar meu recente, no restaurante Paxia (cidade do México), em que serviram um tipo de percevejo (chumil, em espanhol) vivo e – surpresa – saborosíssimo!!

Por que todo esse falatório de repente sobre insetos? Principalmente por causa de um importante relatório publicado pela FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) que recomenda que comam-se mais insetos pelos seguintes motivos (tradução do texto oficial):

• Saúde:

  1. – Os insetos são alternativas saudáveis e nutritivas para as proteínas que comemos frequentemente, como frango,carne de porco, carne bovina e até mesmo peixes.- Muitos insetos são ricos em proteínas e gorduras boas e ricos em cálcio, ferro e zinco.
  2.  – Os insetos já fazem parte tradicional de muitas dietas regionais e nacionais.

• Meio-ambiente:

  1.  – Insetos emitem consideravelmente menos gases de efeito estufa (GEEs) do que
    a maioria dos animais (metano, por exemplo, é produzido por apenas alguns grupos de insetos,
    tais como cupins e baratas).
  2. – A criação de insetos não é necessariamente uma atividade baseada em terra firme e não requer
    deflorestamento para expandir a produção.
  3. – As emissões de amoníaco associados com a criação de insetos também são muito inferiores
    a aqueles ligados à criação de outros animais, tal como porcos.
  4. – Porque eles têm sangue frio, os insetos são muito eficientes na conversão alimentar em
    proteínas (grilos, por exemplo, precisam de 12 vezes menos alimento do que o gado, quatro vezes menos
    do que ovelhas, e metade do que consomem porcos e frangos para produzir a mesma quantidade de proteína).
  5.  – Os insetos podem ser alimentados com fluxos de resíduos orgânicos.

 
• Sustento (fatores econômicos e sociais):

  1. – Colheita /criação de insetos é uma opção de investimento de baixa tecnologia, pouco capital, que oferece entrada até às camadas mais pobres da sociedade, como as mulheres e os sem-terra. (heinnnn??? Desde quando nós mulheres viramos “camada mais pobre da sociedade?!)
  2.  – Oferecem oportunidades de subsistência para povos urbanos e rurais.
  3.  – A criação de insetos usar baixa ou alta tecnologia, dependendo do nível
  4. de investimento.

Fatos interessantes:

Crédito: FAO
  • Um estudo de 2005 estima que na Amazônia consomem-se 428 espécies diferentes de insetos.
  • Insetos da família das baratas representam 31% do consumo mundial; os da família das minhocas/centopéias, 18%;  abelhas e formigas (comidas principalmente ainda em estágio de pupa ou larva), 14% e, finalmente, grilos e aparentados, 14%.
  • O Brasil tem mais de 100 espécies de insetos que já serviram de alimento ou servem hoje.
Crédito: FAO

 

 

 

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Jordi Roca do El Celler de Can Roca: vídeo da palestra no Mesamérica

Por Alexandra Forbes
29/05/13 13:55

Jordi Roca, pâtissier do El Celler de Can Roca, com sua mulher e braço direito Ale Rivas no Mesamérica

Uns dias atrás contei que não pretendia escrever aqui um entediante resumão do Mesamérica, o ótimo fórum gastronômico de que participei semana passada na cidade do México. Prefiro apresentar uns flashes que foram, para mim, os highlights.

O primeiro já postei: vídeo do final de uma entrevista com o sempre divertido Iñaki Aizpitarte, do Le Chateaubriand, em Paris.

O segundo é este que segue: vídeo da apresentação, na íntegra, do Jordi Roca, postado pelo site Animal Gourmet, o mesmo que fez a transmissão ao vivo por streaming (mão na roda!!).

Jordi é, para mim, mais criativo e genial pâtissier do mundo, ao lado de Albert Adrià. Muito do que ele mostrou eu já conhecia (mas só porque sigo de muito perto o trabalho dos irmãos Roca, sobre quem escrevi na FOLHA recentemente, aqui e aqui).

Mas Jordi demonstrou algo bizarro e fascinante (35:00 do vídeo) que eu jamais havia visto: uma sobremesa “viva”, que parece respirar (sorvete de masa madre envolvo em merengues de vinagre com compota de cacau, lichias frescas e tostadas).

“Es el plato más raro que hemos hecho”, disse Jordi ao mostrá-lo inspirando e expirando. Coisa de casa mal-assombrada. 🙂

Jurpurdeus.

Ele também passou um vídeo que explica a ópera gastronômica que ele lançou com os irmãos dia 6 de maio em Barcelona, El Somni.

Para mim, a novidade foi o último vídeo (aos 40 minutos do vídeo abaixo), um nonsense bem feito e encharcado de humor. Porque sem humor, de que adianta serem os #1 do mundo? Acho louvável que eles não se levem a sério demais….

(assistam em tela cheia!)

 


E mais México:

  • Enrique Olvera e outros chefs de talento mexicanos reinterpretam o mole, um molho tradicional – coluna no COMIDA
  • Chef Iñaki Aizpitarte do Le Chateaubriand (Paris) apresenta-se no Mesamérica – vídeo de um trechinho de entrevista

E mais Roca:

  • Entrevista exclusiva com os irmãos Roca, feita no dia em que El Celler de Can Roca ascendeu ao posto #1 da lista The World’s 50 Best Restaurants. Na FOLHA.
  • Minhas impressões do último almoço no El Celler de Can Roca.
  • Rocambolesc, a sorveteria dos Roca em Girona
  • Relato completo, com fotos prato-a-prato, de um almoço no Celler de Can Roca

 

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Mexer no “mole” não é moleza

Por Folha
29/05/13 02:07

O excelente mole de Enrique Olvera, no Pujol: saiu a carne, ficou só o molho

Muitos dos melhores restaurantes do mundo homenageiam receitas tradicionais de seus países em releituras modernas. Qualquer um fazendo cozinha de autor em Lima serve ceviche, o prato nacional.

Chefs americanos adoram reinventar o hambúrguer e o “mac’n’cheese” (massa com queijo). Helena Rizzo virou a feijoada de ponta-cabeça no Maní —e perdi a conta de quantas sobremesas inspiradas no romeu e julieta já comi em São Paulo.

Não surpreende que reputados chefs do México (de onde acabo de chegar) tenham, em seus menus-degustação, “mole” (famoso molho de Oaxaca, feito com especiarias), tacos, tostada (disco crocante com coberturas) e outros clássicos.

Ao experimentar, em rápida sucessão, alguns dos restaurantes mais renomados da capital mexicana, vi, além de pratos, muitos ingredientes em comum: chiles, atum, porco, tutano, tortilhas, limão etc. Assim como Vik Muniz e Jeff Koons fariam obras totalmente diversas se alguém lhes desse as mesmas sete tintas, cada chef serve um México muito seu.

Foi inevitável comparar. Enrique Olvera, do Pujol —de longe o melhor endereço que visitei—, serve um “mole” primoroso, envelhecido 75 dias e apresentado sobre tortilha, simplesmente. Complexo, provocador.

O mole do restaurante Quintonil: menos interessante, mas gostosa a combinação com um tipo de abóbora e pera.

O “mole” de Jorge Vallejo, no Quintonil, tinha menos intensidade e mais amargor, mas combinou bem com o “chilacayote” (abóbora).

Já o “mole de fiesta” de Daniel Ovadia, do Paxia, era desastroso: confuso, picante demais e perdido entre demasiados elementos, inclusive até um inseto vivo!

Embora seja louvável homenagear tradições culinárias, aí também mora o perigo. Para cada chef que interpreta com brilho um taco de rua, deve haver cinco que, em vez de melhorarem o original, pioram-no.

No extinto El Bulli, o chef Ferrán Adrià soube inventar um estranho bocado que tinha mais gosto de gaspacho do que o próprio gaspacho, assim como seu irmão Albert Adrià serve em Barcelona pseudoniguiris tão maravilhosos quanto os sushis dos maiores mestres japoneses. Mas nem todo cozinheiro é um Adrià…

Peru (no centro) é tradicionalmente servido com mole no México. Boas intenções mas resultado desastroso e confuso nesse pavo con mole de fiesta do restaurante Paxia. Até inseto vivo tinha no prato.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Iñaki Aizpitarte do Le Chateaubriand, em vídeo: "me encanta México!"

Por Alexandra Forbes
27/05/13 12:44

Chef Iñaki Aizpitarte do Le Chateaubriand

Acabo de chegar do México, onde estive assistindo ao fórum gastronômico Mesamérica, organizado pelo chef Enrique Olvera, do restaurante Pujol.

Poderia escrever páginas e páginas sobre as palestras, que foram muitas – umas ótimas outras menos. Mas seria chato para vocês, creio.

Um bom resumo geral foi postado em inglês no site EATER.

Prefiro fazer uns posts contando dos highlights. E um dos maiores highlights foi ouvir a entrevista dada pelo figuraça Iñaki Aizpitarte a uma tevê local. Sentei-me no canto e gravei tudo. Divido com vocês o finalzinho, apenas.

“Hacer amor con una mexicana comendo tacos, tomando tequila, con mariachis….” Hi-lá-rio!

Iñaki fez palestra comovente, em que exibiu um vídeo sacado, editado com pegada jovem, mostrando-o dando a provar a pessoas diversas sua versão moderna do doce tocino del cielo. Velhos, crianças, grupos de adolescentes, freiras… muito bonita ideia de levar de volta ao lugar de onde veio a receita original uma receita dele, nova. Textura diferente, cara diferente mas essência igual. (Aqui, um parêntese: comi esse toucinho do ceu no Le Chateaubriand e fui à loucura. Tão orgásmico que pedi para repetir!!)

 

O tocino del cielo que comi ano passado no Le Chateaubriand… duas vezes!!

O vídeo, não tenho como mostrar. Mas fotografei as notas do próprio Iñaki – vejam o que ele leu para a plateia, que poético. O lado sensível do chef que muitos amam chamar de fechado/overrated/difícil.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Jantando no novo Esquina Mocotó do chef Rodrigo Oliveira

Por Alexandra Forbes
21/05/13 13:21

Eu digo sempre que tenho a sorte de ter, como leitores, gente muito bacana. Sei porque recebo emails gentilíssimos mas, principalmente, porque ao longo desses muitos anos de estrada fui conhecendo alguns e tornando-me amiga deles. Desde que armei um primeiro encontro de “apresentação”, no Astor, forjaram-se amizades e o grupo, além de um interesse comum por comes, bebes e boa vida, passou a ter até nome: LBV, ou Legião da Boa Vida.

Pois esse encontro foi em 2008, como bem me lembrou uma confrade que prefere ficar anônima.

E na quinta-feira passada, celebramos meia década dessa brincadeira em grandíssimo estilo, com um jantar de pre-estreia do restaurante Esquina Mocotó, do chef Rodrigo Oliveira.

Esquenta no hotel Fasano

Saímos todos juntos, do hotel Fasano, em carros com motorista para podermos beber sem culpa. 😉

Jô Elias, uma das confrades, arrumou para o encontro um patrocínio do celular Lumia 920 da Nokia. Por isso o grupo cresceu: éramos mais de 30!

Esquina Mocotó, com parede ilustrada por Speto          Foto: Ivan Marchetti

Convidei leitores novos e gente que tem a mesma obssessão que eu por comida boa e vinho bom. Uns, eu jamais tinha visto na vida mas conhecia da internet (seguidora fiel de seus posts). Outros são velhos amigos e colegas de mundinho gastronômico.

E lá fomos nós, em comboio, até a Vila Medeiros, uns com vinhões debaixo do braço outros com gim ou cachaça na bolsa. Gente que não brinca em serviço…

E como passamos bem!

O grupo ao redor da mesa comunitária. Ao fundo, lindo painel do Speto.

Mal percebemos a fina garota, tamanha a animação. Pelos comentários à chegada, todos gostaram muito do espaço, mais arrumado do que o Mocotó mas sem cara de lugar “chique”. Uma parede de madeira de demolição. Outra, ao fundo, com belíssimo painel pintado pelo grafiteiro Speto, de quem sou grande fã.

(Aqui, um parêntese: meu colega de FOLHA, o Marcelo Katsuki, fez um post mostrando tudo o que comemos naquela noite, aqui o link. Peço desculpas pela redundância…).

Voltando ao relato: logo ocupamos o mesão central, comunitário, de caipirinha e cerveja em mãos.

As tábuas de embutidos com pão e manteiga sendo finalizadas na cozinha

Abrimos a noite com fatias de pão caseiro (de fermentação natural), manteiga com gostinho de cumaru e tábuas de embutidos de nome engraçadinho: “porcaria”. Incluíam ótimos produtos como presunto cru da Terroá, de Catanduva. Tudo ótimo mas o que roubou a atenção, ofuscando o resto, foi o dadinho de tapioca com porco (primo-irmão dos famosos dadinhos do vizinho Mocotó). Que dúvida que pedimos para repetir?

Ah, e comemos também, obviamente, os dadinhos de tapioca e queijo coalho. Todo mundo que conhece sabe: como a propaganda diz, é impossível comer um só.

Em clima de feliz bagunça, fomos provando a sucessão de pratos.

Panelinha de moela

Como eu já esperava, o Rodrigo não se importou em botar no menu coisas que podem espantar muita gente, como moela, tutano e jiló. Refestelamo-nos!

Ovo com caldo de legumes e jiló Foto: Priscila Forbes

Esse ovo com jiló na foto acima… o jiló não era citado no menu, acho que para não assustar ninguém. 🙂

Verteram sobre o ovo caldo de legumes. Tinha uma das gemas de laranja mais profundo que já vi, com aquela textura densa e cremosa característica da cocção à vácuo. Quase parecia colar na boca. Para contrastar, a adstringência do jiló. Belo balanço.

Tutano ainda no osso, para tirar com colherinha, salgar e devorar

Tutano, em especial, eu devorei com gosto. Tão difícil de achar em São Paulo…. Pois no Esquina ele vem no osso, mais trêmulo do que gelatina que sai do gelo antes da hora. O cliente tira com colherinha, salga ele mesmo e come com micro-cubinhos de língua em vinagrete.

O nhoque de mandioca (ou “nhoca”, como foi batizado) poderia ter causado estranheza se a plateia não fosse aventureira, já que tem textura mais pegajosa do que um nhoque clássico de batatas. E ao invés de um molho-que-agrade-a-gregos-e-troianos ele veio casado com tucupi e legumes bem nossos: jiló, quiabo… Delicado o sabor, e bem vivaz acidez.

O porco que encerrou os salgados era mais “fácil”: difícil achar quem não goste daquela carne bem temperadinha e macia (o porco, depois de marinado, passa nada menos do que 12 horas no forno!) sobre purê de grão de bico com alho confitado e cenoura.

Porco com purê de grão de bico do Esquina Mocotó

Cajá manga em estado puro…

Os dois doces que provamos, para mim, passaram com muita força o recado “isto aqui não é o Mocotó”. Já cansei de comer compotas bem adocicadas na casa-mãe, e sobremesas deliciosas porém adocicadas demais para meu gosto.

 

Chocolate, cupuaçu e castanha do Pará em uma sobremesa pouco doce

No Esquina, toma-se o caminho inverso, tirando o máximo possível do açúcar. Ganha-se elegância mas arrisca-se deixar pelo caminho aqueles com desejo de algo familiar para adoçar o bico.

Mas Rodrigo não parece querer fugir de riscos. A própria existência do Esquina Mocotó e a audácia de seu menu brasileiríssimo é a maior prova disso.

O chef Rodrigo Oliveira na pre-estreia do Esquina Mocotó

E se tem alguém que tem crédito e simpatia suficientes para bancar essa aposta em uma cozinha nordestina absolutamente nova e talvez difícil de ser compreendida por certos paladares, esse alguém chama-se Rodrigo Oliveira.

 

Esquina Mocotó – mapa aqui
Av. Nossa Senhora do Loreto, 1.108, V. Medeiros – Tel.: 0/xx/11/2949-7045

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Londres, a grande capital gourmet

Por Folha
15/05/13 03:00

Um ano atrás, elogiei rasgadamente aqui os restaurantes que havia visitado em Londres (Hedone, The Ledbury, Albion etc.). Pois acabo de voltar de lá e adivinhem o quê? Comi maravilhosamente bem outra vez, em uma nova leva de endereços. Vejo que Londres se consolidou como principal capital gastronômica do mundo, igualada apenas a Tóquio, a Nova York e a Barcelona, deixando Paris a comer poeira.

Restaurante Balthazar em Londres

Gastei uma fortuna em reputadas casas do bairro chique de Mayfair (Umu e Hibiscus), mas valeu o investimento: grande refinamento, exímio serviço. Estive no muito falado e recém-aberto Balthazar, filial da brasserie homônima em Nova York, em pleno formigueiro turístico de Covent Garden. Que beleza de salão! Que garçons! Cada detalhe do décor imita uma Paris antiga, mas e daí? Almocei bem e saí feliz.

Ultrapassei minha cota de “inglesismo”, começando pelo “Sunday roast” (assado de domingo) do ótimo The Malt House, simpático pub-restaurante de Claude Bosi, chef e proprietário do Hibiscus.

os maravilhosos aspargos do The Clove Club

Fartei-me de devorar aspargos primaveris, não só lá como nos dois favoritos da viagem, ambos novos: The Kitchen Table e The Clove Club.

O primeiro deveria chamar-se The Kitchen Counter (o balcão da cozinha), pois não tem mesas. A cada noite, 19 sortudos sentam-se em “U” ao redor dos cozinheiros e assistem ao chef James Knappett (ex-Noma) explicando os pratos.

menu degustação do The Kitchen Club, meu atual favorito na cidade

O menu homenageia os melhores produtos ingleses, desde mel londrino a queijos artesanais: um show.

O The Clove Club segue linha parecida: chef jovem com currículo estelar (Isaac McHale, ex-St. John Bread & Wine) lança carreira própria servindo (com brilho!) degustações autorais, criativas e orgulhosamente “British” a preço justo.

Chef Mikael Jonsson exibe carne maturada em seu Hedone

Achei tempo para voltar ao Hedone, que me pareceu ainda mais delicioso (faz sentido que esteja entre os cem melhores do mundo). Provei cachorros-quentes do fervidíssimo Bubbledogs, wine-bar dos donos do Kitchen Table. E concluí: o que escrevi um ano atrás continua valendo. Quer comer bem? Vá a Londres!

Anote:

  • Balthazar 4-6 Russell Street, tel. 44 (0)20 3301 1155
  • Bubbledogs e The Kitchen Table 70 Charlotte Street
  • Hedone  301-303 Chiswick High Road, tel. +44 20 8747 0377
  • Hibiscus 29 Maddox Street, tel. +44 20 7629-2999
  • The Clove Club   380 Old Street, tel. +44 207 729 6496
  • The Malt House 17 Vanston Place, Fulham, tel. +44 207 084 6888

 

 E mais Londres:

  • Os novos restaurantes de Londres: Balthazar, Kitchen Table, Story, etc.
  • O novo Oblix, no icônico arranha-ceus The Shard, dos mesmos donos do Zuma e do Roka
  • Meus restaurantes favoritos em Londres: Albion, Koya, The Ledbury, Dabbous, etc.
  • Os melhores restaurantes japoneses de Londres
  • “Quer comer bem? Vá a Londres”, coluna no caderno COMIDA
Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

50 Best latino: sairá em setembro o ranking dos 50 melhores da América Latina

Por Alexandra Forbes
08/05/13 12:17

Foi anunciado em Londres no último dia 29: os mesmos organizadores da lista dos 50 melhores restaurantes do mundo estão compilando um ranking dos 50 melhores da América Latina.

Os votos foram colhidos em abril. Os vencedores serão anunciados em Lima dia 4 de setembro.

Quero só ver…. difícil achar um júri composto de pessoas que circulem pelo continente a comer. Eu, que sou uma maluca que não pára de viajar, já acharia difícil nomear sete restaurantes excepcionais na América Latina onde eu tenha comido recentemente. Imaginem então pessoas “normais”, que não pulam de país em país o tempo todo….

Esses votantes, quem serão? Conhecerão o suficiente para votar de modo justo? Não sei…mas espero que sim. Os jurados brasileiros foram escolhidos pelo crítico gastronômico Josimar Melo, meu colega de FOLHA.

Estou bem curiosa para ver quais 50 restaurantes serão escolhidos como excepcionais.

Em Punta, no Uruguai, nunca encontrei nada que prestasse: pior cidade para quem gosta de comer, além de caríssima (mas quando fui, ainda não tinham aberto o hotel com a marca Fasano, que tem um restaurante). Em Mendoza, na Argentina, menos ainda: só carne grelhada, de notável. Santiago, não conheço, não posso falar. Buenos Aires anda renascendo, ouvi dizer. E é a terra do Francis Mallman. Ainda assim, a verdade é que o bom concentra-se em Lima e São Paulo. E o “50 Best Latin America” deverá refletir isso: além dos inevitáveis Pujol e Biko (do México), Roberta Sudbrack (RJ) e Boragó (Chile) creio que veremos muitos e muitos restaurantes paulistanos e limenhos….

E vivem me perguntando quais são as regras. Para não ficar me repetindo, reproduzo a seguir o texto explicativo, da própria organização….

“Apresentação

Organizada pela revista Restaurant, a lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina é um panorama anual das opiniões e experiências de mais de 250 especialistas no setor de restaurantes latino-americano. O significado de “melhor” é uma decisão sua. Não há nenhuma lista de critérios predefinidos. Por exemplo, uma experiência interessante em um estabelecimento simples, onde se descubra um nível de inovação excepcional, pode ser considerada melhor do que uma refeição opulenta em um restaurante muito celebrado. A lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina, lançada este ano, será o resultado da votação dos latino-americanos em restaurantes localizados nos seguintes países:
• Argentina
• Bahamas
• Belize
• Bolívia Brasil
• Chile
• Colômbia
• Costa Rica
• Cuba
• Dominica
• República Dominicana
• Equador
• El Salvador
• Guiana Francesa
• Guatemala
• Guiana
• Haiti
• Honduras
• Jamaica
• México
• Nicarágua
• Panamá
• Paraguai
• Peru
• Porto Rico
• Suriname
• Trinidad e Tobago
• Uruguai
• Venezuela

Os resultados da votação dos 50 Melhores Restaurantes da América Latina serão anunciados em Lima, Peru, em 4 de Setembro de 2013 e publicados em www.theworlds50best.com e em site oficial, que será anunciado antes do evento.

Regras para o voto

  •  Votos são dados em ordem de preferência, de 1 a 7.
  • Caso um restaurante obtenha o mesmo número de votos, a ordem de preferência será levada em consideração.
  • Deve-se votar em sete restaurantes — nem mais nem menos do que isso.
  • Deve-se pode votar em até quatro restaurantes localizados do próprio país do jurado. Pelo menos três votos devem se destinar a restaurantes fora do país do jurado.
  • É preciso que o jurado tenha visitado os restaurantes nos quais está votando nos últimos 18 meses.
  • Se o jurado trabalha ou detém participação financeira em um restaurante, não poderá votar nesse restaurante.
  • As indicações devem contemplar o restaurante, não o restaurateur ou o chef.
  • O jurado tem que especificar o motivo do seu voto no restaurante número 1 da sua lista.
  • O jurado tem que confirmar a data em que esteve nesse restaurante.
  • Não é possível votar em restaurantes que estejam fechados ou vão fechar em até três meses a contar da publicação da lista, que ocorrerá em setembro de 2013.
  • Todos os votos e comentários são confidenciais.”

E mais 50 Best:

– Minha entrevista com os irmãos Joan, Jordi e Josep Roca, do El Celler de Can Roca, eleito número 1 do mundo no último 50 Best

– Vídeo mostrando o casal Helena Rizzo e Daniel Redondo do restaurante Maní minutos antes da cerimônia de premiação, em Londres, dia 29 de abril.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

Abre em Londres o Oblix, dos mesmos donos do Zuma e do Roka

Por Alexandra Forbes
07/05/13 14:33

O Zuma e o Roka (o segundo, especializado em robatas) são dois dos japoneses mais bacanas (e não-tradicionais) de Londres. Hoje, têm filiais pelo mundo.

Sempre bons.

Agora, os donos estão abrindo o Oblix, um restaurante de grelhados e pizzas no prédio mais comentado do ano, o famoso-desde-o-nascimento The Shard. O arranha-céus de 72 andares, bancado pelo sheik do Qatar e desenhado por Renzo Piano, é o mais alto da Europa. Mesmo se a comida não for nota mil, só a vista do salão embrulhado em vastos painéis de vidro, no 32o andar, valerá a visita.

A inauguração oficial é hoje.

OBLIX: The Shard, 31 St Thomas Street, 32 o andar

Tel. +44 (0)20 7268 6700



Link para vídeo no YouTube mostrando a inauguração oficial do The Shard.

 E mais Londres:

  • Os novos restaurantes de Londres: Balthazar, Kitchen Table, Story, etc.
  • Meus restaurantes favoritos em Londres: Albion, Koya, The Ledbury, Dabbous, etc.
  • Os melhores restaurantes japoneses de Londres
  • “Quer comer bem? Vá a Londres”, coluna no caderno COMIDA
Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor

O papel não morre tão cedo

Por Folha
01/05/13 03:00

Canso de ouvir que as pessoas querem cada vez mais ler coisas curtas, na internet, e só. Mas se o papel estivesse morto ou caminhando rumo à cova, não haveria tantos chefs escrevendo livros. E se poderíamos pensar que eles são ruins de conta e fazem isso pelo ego, editoras certamente vivem de lucro. Mas o que explica o investimento brutal sendo feito, neste ano, na publicação de um oceano de livros de culinária?

Domingo, fui ao lançamento, em Londres, do livro “Cook It Raw”, sobre encontros de chefs famosos em pontos escondidos e improváveis do planeta. Davam autógrafos vários pesos-pesados, como o italiano Massimo Bottura, o catalão Albert Adrià e Alex Atala.

Capa do livro do restaurante Roberta’s, no Brooklyn, que sairá em breve

Quem convidava era a Phaidon, a editora mais poderosa e prestigiosa que existe hoje na gastronomia. Não por acaso, a Phaidon tem o passe dos chefs-estrela René Redzepi, Magnus Nilsson e Ferran Adrià, e lançará, em setembro, o primeiro livro de Atala destinado ao mercado internacional.

Resolvi compilar uma lista de chefs famosos com livros recém-publicados ou prometidos para os próximos meses. Daniel Boulud! Anne-Sophie Pic! Carlo Mirachi, do restaurante nova-iorquino Roberta’s! Já estava no décimo nome quando me deparei com uma lista semelhante no site americano Eater com nada menos que 59 títulos. No Brasil, há tantos outros.

irmãos Roca e a capa de seu novo livro

Espanha em crise? Pois três de seus maiores restaurantes estão imortalizando, nestes meses, suas receitas em volumes de luxo custando até € 85 (cerca de R$ 220): El Celler de Can Roca, Nerua e Azurmendi.

Quem paga? Aspirantes a chefs, cozinheiros de fim de semana e comilões que viajam o mundo para comer, chamados (às vezes, pejorativamente) de “foodies”. Se leem os textos ou se atrevem-se a testar as receitas, não sei: boa parte da graça está em simplesmente folhear o tijolão, admirar as fotos e usá-lo para decorar a sala (eu que o diga).

Não sei se chegará o dia em que um e-book valerá tanto quanto um lindo volume de capa dura e páginas enormes e lustrosas –mas duvido.

Novo livro (mais um!!) do chef Daniel Boulud

Novo livro do chef Daniel Humm e seu sócio Will Guidara do Eleven Madison Park

Livro do chef Sat Bains, que acaba de ganhar um prêmio. Em foto do próprio, pinçada do Instagram

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
Posts anteriores
Posts seguintes
Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog
  • Email@grupofolha.com.br
  • Twitter@aleforbes

Buscar

Busca
Publicidade

Categorias

  • 50 Best
  • Austrália
  • Bélgica
  • Brasil
  • Canadá
  • Chefs
  • Dinamarca
  • Espanha
  • Estados Unidos
  • Fóruns gastronômicos
  • Guias e rankings
  • Inglaterra
  • Itália
  • Londres
  • México
  • Nova York
  • Peru
  • Piemonte
  • Restaurantes Japoneses
  • Rio de Janeiro
  • São Paulo
  • Suécia
  • Tendências gastronômicas
  • Uncategorized
  • Versão impressa
  • Recent posts Alexandra Forbes
  1. 1

    Em risco de extinção

  2. 2

    Chefs passam o chapéu

  3. 3

    Peixe: nem sempre fresco é melhor

  4. 4

    Entramos no mapa. E daí?

  5. 5

    Escondidinho é melhor

SEE PREVIOUS POSTS

Blogs da Folha

Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).