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Alexandra Forbes

A gourmet itinerante

Perfil Alexandra Forbes divide seu tempo entre Montreal, São Paulo e restaurantes pelo mundo afora.

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A sorveteria Rocambolesc, de Jordi Roca, em Girona: gostinho do El Celler

Por Alexandra Forbes
02/07/13 17:25

O lado chato do El Celler de Can Roca ter virado restaurante número 1 do mundo (segundo o ranking da revista Restaurant) é que o que era difícil tornou-se praticamente impossível: reservar uma mesa.

Mas eu acho que Girona tem encantos suficientes para, mesmo no caso dos “sem-mesa” valer o desvio. Ainda mais agora, que a viagem de trem de Barcelona dura apenas meia hora, em trem de alta velocidade.

O principal atrativo é o centro histórico, belíssimo, com direito a catedral, muralhas e ruelas estreitas e íngremes – vejam minhas fotos neste link.

Um outro atrativo é a sorveteria Rocambolesc do Jordi Roca, o caçula dos três irmãos por trás do El Celler, que é o pâtissier do restaurante. Eu fui conhecer, passeando a pé pela zona turística e… lá estava ele! Confesso que não imaginava topar com o Jordi atrás do balcão. A Ale Rivas, mulher dele e braço-direito, também estava lá – ela é quem cuida do negócio (o maior trunfo dos Roca, justamente, é trabalharem muito, em família e em grande harmonia).

E botem sorveteria nisso: como se esperaria de um Roca, os sorvetes são não apenas perfeitos em textura e dulçor como também lúdicos e – o melhor – inspiram-se em sobremesas que ele criou para o El Celler.

Este aqui é um bom exemplo: sorvete de leite de ovelha com calda de goiaba, doce de leite e algodão doce.

Dois anos atrás, eu comi a sobremesa que o inspirou e foi das melhores coisas da vida. Vejam:

Nuvem de chantilly do mais fresco leite de ovelha, ali de perto, coroada com algodão doce e uma fatia geladinha de algo que parecia picolé de goiaba. Ou seja: Romeu e Julieta! No fundinho, doce de leite.
A sobremesa foi elevada à décima potência pela lírica descrição feita pelo Josep Roca, com direito a efeito sonoro: passando uma colher pelas ranhuras do prato emitiu-se um som que lembrava os sinos das ovelhas. Confesso que cheguei a me emocionar quando provei essa sobremesa, um sentimento da mais profunda admiração pela sensitividade – tão rara! – revelada por Josep:

“A ideia é a ternura. Um único produto, profundidade de sabor. O leite de ovelha vem de um vilarejo aqui perto, e daqui conseguimos ouvir os sinos que elas carregam no pescoço”. (aqui, Josep fez tocar os “sinos” imaginados)

Provei outros dois sorvetes e o favorito, de longe, foi o de maçã. Gotinho de tarte tatin. Cubos de biscoito amanteigado, e de maçã crua e cozida. Um escândalo!

 
Rocambolesc: Rua Santa Clara, 50, Girona, Catalunha, tel. +34 972 416 667

E mais sobre os irmãos Roca e o El Celler de Can Roca:

  • Entrevista exclusiva com os irmãos Roca, feita no dia em que El Celler de Can Roca ascendeu ao posto #1 da lista The World’s 50 Best Restaurants. Na FOLHA.
  • Minhas impressões do último almoço no El Celler de Can Roca, na FOLHA.
  • Relato completo, com fotos prato-a-prato, de um almoço no Celler de Can Roca
  • Jordi Roca no fórum Mesamerica, no México: vídeo

 

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A beleza de Girona, na Catalunha, em 30 imagens

Por Alexandra Forbes
02/07/13 16:48

Quem me segue no Twitter e no Instagram já sabe o porquê do meu sumiço: estou fazendo um giro rápido pela Europa – mais especificamente, Barcelona, Girona e Bruxelas. Agora que a “festa” acabou tenho muito a contar e a mostrar.

Queria começar por uma das felizes surpresas da viagem: Girona. Eu já tinha passado uma noite lá, anos atrás, em um hotelzinho sem graça em uma parte pouco interessante da cidade.

Outra vez, fui até lá de trem só para almoçar no restaurante-que-dispensa-apresentações El Celler de Can Roca, e voltei a noitinha para Barcelona.

Desta vez, resolvi procurar pelo Google um lugar para domir no centro histórico, o mais perto possível da catedral.

Decisão acertadíssima: o pequeno Hotel Historic fica a poucos passos da catedral em uma zona antiquíssima de Girona onde raramente passam carros. Eu ia dormir e acordava ouvindo o badalar dos sinos e o cantar dos pássaros. Belíssimo!

Vejam só as fotos: elas dizem tudo. Encantei-me!











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Samba do ceviche doido

Por Folha
26/06/13 01:56

Ceviche do restaurante Pakta, em Barcelona, do chef Albert Adrià, com muito leche de tigre

Uma década atrás, para comer um bom ceviche -o famoso prato peruano de peixe cru com limão e cebola- você teria que estar no Peru. Hoje, os melhores ceviches de Lima concorrem pau a pau com aqueles servidos mundo afora.

O francês Daniel Boulud, do Daniel (NY), gosta do seu bem picante. José Avillez, tido como o melhor chef de Portugal, serve ceviches de salmão com maçã e de vieiras com guacamole. De tão popular, o ceviche entrou para o léxico gastronômico, como taco e tartare.

No Peru, faz-se ceviche com quase todo o tipo de peixe ou fruto do mar cru e é comum substituir o limão e a cebola por outros cítricos e temperos. O cítrico ªcozinhaº a frio o peixe e junta-se no fundo da tigela um caldo acidulado que chama-se ªleche de tigreº.

Restaurantes de cozinha peruana (cada vez mais numerosos fora do país, principalmente na Espanha e em Londres) costumam se ater aos componentes essenciais: algo do mar, em pedaços, um cítrico e temperos. Mas, em restaurantes de cozinha autoral, chefs têm ido muito além, distorcendo a receita até o limite do reconhecível. Eric Ripert, dono do melhor restaurante de peixes de Nova York, o Le Bernardin, ao invés de cubos de peixe usa abóbora como ingrediente principal.

O ceviche quease irreconhecível do Le Chateaubriand, em Paris

Iñaki Aizpitarte, que comanda o cultuado Le Chateaubriand, em Paris, inverte a equação, servindo um shot de ªleche de tigreº em tigelinha, onde submerge um pedaço de peixe. A combinação varia muito, podendo incluir água de pepino, grapefruit etc. Há até quem sirva ceviche cozido ou doce: no The Bazaar, em Miami, há um de pitaia.

Sou a favor da criatividade, mas há que se dar o nome certo aos bois. Do mesmo modo que me desaponto quando peço uma tarte tatin de sobremesa e servem-me ingredientes empilhados em minitorre, sem nenhuma semelhança com a verdadeira torta invertida, acho chato esperar um ceviche e deparar-me com algo quente ou espumoso. Inventem à vontade, mas, se não for cru, sólido, frio e azedinho, não é ceviche.

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Restaurantes de Barcelona: dicas de quem entende

Por Alexandra Forbes
21/06/13 01:19

Meu amigo GG está de partida para Barcelona e me escreveu perguntando se eu sabia de bons restaurantes que abrissem domingo ou segunda-feira.

Nem perdi meu tempo dizendo a ele para tentar, pela internet, descolar uma vaga no Tickets, o pseudo bar de tapas dos irmãos Adrià que eu ADORO. Impossível conseguir. Os dois mais novos do mesmo Albert Adrià, Pakta e 41 Grados, mais difíceis ainda…..

Mas Barcelona, cidade que amo mais do que qualquer outra na Europa, tem muita coisa boa além desses três, claro. Pus a memória a trabalhar e lembrei de favoritos meus:

Tapaç24, leia aqui o meu post.
Tapaç4: Rua Diputació, 24, 269. Barcelona, tel. (34-93) 488-0977

Dos Cielos, dos gêmeos Torres, se quiser provar um restaurante chique, de alta cozinha.
Aqui no meu post eu explico porque vale a a pena.

Vila Viniteca: os melhores presuntos, queijos e vinhos, no Born

Dos Palillos, no Casa Camper. 
Acho o chef um antipático mas amo o resto. Bom, bom, bom demais! O “bar de tapas” Dos Palillos, ocupando uma quina do transadíssimo hotel Casa Camper, lembra um sushibar. Detrás de um balcão, os chefs cozinham à vista dos clientes, servem e descrevem os pratos. Divertido! Chamar os pratinhos que compõem o menu degustação de tapas seria passar uma falsa ideia de rusticidade. Os pequenos bocados, muito sofisticados, refletem os oito anos que o chef-proprietário passou no comando da cozinha do mítico restaurante El Bulli, de Ferran Adrià. O menu mescla Ásia e Espanha mas a primeira sai à frente: do won ton crocantíssimo, passando pelo temaki que o próprio cliente enrola, o Dos Palillos passeia por Japão, China e sudeste asiático. Para acompanhar há uma bem-sacada lista de saquês e vinhos assinada por Tamae Imachi, mulher do chef e sommelière. Dos Palillos: Hotel Casa Camper, Barcelona, tel. (34-93) 304-0513

Mas…. dos citados acima, só o Tapaç24 abre segunda-feira. Resolvi então pedir ajuda no Twitter. Logo vieram respostas com dicas ótimas, que resolvi reproduzir aqui.

O chef Carles Abellan (@carlesabellan), dono do Tapaç24 citado acima, entre muitos outros restaurantes, me disse: “janta-se bem no Xemei, que é um restaurante italiano, e acho que o Sagas também abre”. Com chef desse calibre não se discute…

O crítico gastronômico Carlos Maribona (@salsadechiles) recomendou o Roca Bar, dos irmãos Roca, na entrada do hotel Omm, e também Gresca (fecha domingo mas abre 2a) e Hisop (idem).

Xavier Güell (@guell), que tem um negócio gastronômico super bacana chamado Sibaritus, respondeu com uma palavra: Coure. Fui ver o site e achei bem legal. Nunca tinha ouvido falar desse restaurante….mas logo vi que só abre de terça-feira a sábado…

E o Roberto Smeraldi (@RobertoSmeraldi) disse: “Sem dúvida: La Clara, GranVia! A dois quarteirões do (bar de tapas) Inopia. Não perca os pimentos de Guernika” (chequei o site e – ótima notícia – abre todos os dias da semana.

Carles, Carlos, Xavier, Roberto… mil gracias!

 

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Donos do Butcher's Market abrem Fisherman's Table, restaurante asiático

Por Alexandra Forbes
20/06/13 10:00

O decorador e restaurateur Jae Kim


A hamburgueria Butcher’s Market, primeiro negócio dos primos Ryan e Jae Kim, descendentes de coreanos, foi um hit.

O Barn, restaurante no segundo andar do mesmo imóvel no Itaim, já não foi unanimente elogiado.

A dupla segue firme, no entanto, com seus planos de expansão.

Eles vão abrir em breve o Fisherman’s Table, um asiático no mesmo bairro, no espaço onde funcionou durante anos o restaurante Dolce Villa (rua Pedroso Alvarenga).

A julgar pelo bom gosto ultracool de Jae (mixto de estilista e decorador que mora no Brooklyn novaiorquino e vem a São Paulo a trabalho), o ambiente moderno-industrial será o forte. Ele tem um talento ímpar para reproduzir looks de lugares de Nova York em São Paulo: vide Butcher’s Market e Ici Bistrô.

No menu, muitos rolinhos à moda nipo-americana e mixagens inusitadas de Japão e Itália (udon substituindo espaguete em massas, por exemplo).

Também tentarão fazer emplacar em São Paulo sabores de inspiração coreana. Exemplos? Sashimi com molho apimentado, e um surf’n’turf de galinha e frutos do mar, também com molho picante.

Isso me soa como um samba do crioulo doido, mas quem sabe a mistura dá certo?

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Chef Virgilio Martinez, nova estrela do Peru, cozinha em São Paulo com Alberto Landgraf

Por Alexandra Forbes
14/06/13 23:53

Chef Virgilio Martinez, do Central, em Lima, com seu amigo e mentor Gastón Acurio

Sou meio teimosa.

Sei exatamente o que dá ibope em um blog de comida. Para fazer a audiência disparar, basta falar mal. De qualquer coisa. Pão ressecado, conta alta, serviço antipático.

Em segundo lugar, o que mais faz sucesso é a famosa “dica”. Vá comer no bistrô do fulano porque o filé com fritas é ótimo.

Mas não vale bistrô em Vladivostok: os leitores querem dicas de São Paulo, principalmente.

E eu…. falo vez ou outra da minha cidade. Conto de meus lugares favoritos. Confesso meu vício por bom sushi, tão raro e tão caro (salve Shin Zushi!). Mas insisto em levar a conversa para fora, para longe, para o que se passa além-mar. Mesmo que poucos se interessem.

E muito do que se passa além-mar está em Lima, no Peru. A cidade está longe de ser uma cidade dos sonhos. Só que tem grandes restaurantes e comida de rua de chorar por mais. E jovens chefs cheios de ideias e ambição.

A estrela da nova geração chama-se Virgilio Martinez. Um garoto recém-casado, com cara de menino, ex-skatista. Mas mais centrado, ambicioso e sábio do que se poderia supor.

Já escrevi dele algumas vezes. Já disse que tinha potencial, ainda no comecinho.

Agora, ele desabrochou.

Convenhamos: Lima não é exatamente o destino de férias escolhido pela maioria dos paulistanos. Longe disso. Poucos que me leem terão a oportunidade de comprovar o talento de Martinez no restaurante dele, o Central.

Mas a boa noticia é que Martinez virá a São Paulo, para cozinhar pela primeira vez nestas bandas.

Será um jantar a quatro mãos, dia 8 de julho, com outro jovem de talento: Alberto Landgraf.

Eu muitas vezes evito esses jantares de chefs convidados. Raramente mostram o verdadeiro potencial de um cozinheiro. Podem ser um tiro n’água, especialmente quando acontecem em salões grandes (a palavra banquete me dá arrepios). Mas por esses acasos da vida já pude provar pratos de Martinez em jantares nos lugares mais díspares, como Melbourne (!) e Londres. E ele acerta toda vez.

Por isso digo: este será dos bons.

Uns pratos de Martinez, outros de Landgraf.

No Epice.

E diferentes champagnes Ruinart para acompanhar, de cabo a rabo (esperemos que o sommelier segure essa). Inclusive, com dois dos pratos servirão Dom Ruinart 2008 com dois dos pratos.

Se eu puder estar em São Paulo na data, irei.

Mas de todo modo, recomendo sem medo.

O menu segue abaixo. Se não entenderem a metade, não tem problema: a graça está justamente em buscar ver de que diabo se trata essa tal nova cozinha peruana….

A “batata seca”, por si só, é uma viagem….

1 – TIRADITO  (Martinez)
Vieiras, Kañihua, Abacate

2 – CAUSA  (Martinez)
Camarão,  Semente de Chia, Micro Ervas

3 – PACHAMANCA (Martinez)
Batata Seca,  Kiwicha, Café

4 – PELE DE PORCO (Landgraf)
Pele de Porco, Grao de Bico Fermentado, Cebolinha, Tapioca

5 – COXAO DURO (Landgraf)
Coxão Duro, Tendão de Boi, Mandioca

6 – CHIRIMOYA (Martinez)
Chaco Clay, Folha de Coca, Cacau

7 – CASTANHA DO PARA (Landgraf)
Sorvete de Castanha do Pará, Rapadura, Castanha Crua

Preço:  450 reais com serviço e vinhos

Reservas: 11 3062-0866

E mais Peru:

“O Peru Ganhou de Nós” – coluna polêmica no caderno COMIDA

Lavradores peruanos celebram chef Gastón Acurio no fórum gastronômico Mistura, na Folha

“O Melhor Ceviche do Mundo” – coluna no caderno COMIDA sobre a cena gastronômica de Lima

Entrevista com o chef Quique Dacosta no fórum gastronômico Mistura, no caderno COMIDA

Atala, Adrià, Acurio, Redzepi et. al: chefs assinam manifesto em Lima

 

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Um passo a frente, dois atrás?

Por Folha
12/06/13 02:08

Moro em Montreal, embora acompanhe o que se passa em São Paulo com a sede de uma expatriada saudosa. Venho seguindo de perto o noticiário sobre arrastões em restaurantes, cada vez mais alarmada.

Li neste jornal o tocante relato da chef Danielle Dahoui sobre o último assalto em massa, que aconteceu há duas semanas em seu restaurante Ruella, no Itaim.

Não só me compadeci dela e das vítimas como lamentei: com isso a imagem cada vez mais difundida da São Paulo meca gourmet sai gravemente arranhada.

Sim, porque de repente a cidade virou destino gastronômico dos sonhos para gourmets viajantes.

Já perdi a conta de quantos estrangeiros vieram me narrar -ou postaram no Instagram- noites felizes no Mocotó ou no Maní.

Saem cada vez mais reportagens elogiando chefs de São Paulo em mídias de prestígio. A última, mês passado no jornal inglês “Guardian”, diz que há algo muito bacana rolando com a “nova cozinha brasileira”.

O arrastão no restaurante Ruella, no Itaim, dia 30 de maio, virou notícia no espanhol El País: “Ir a um restaurante no Brasil começa a dar medo”. Tenho ouvido muitos norte-americanos, recentemente, dizendo coisas do tipo “gostaria de conhecer o Brasil mas não me arrisco”.

Em São Paulo, principalmente, há um novo Brasil gastronômico querendo se mostrar ao mundo. Sinto os chefs paulistanos sedentos por serem incluídos no circuito gastronômico internacional.

O momento é esse, há vários buscando fazer melhor, com ingredientes melhores e ideias melhores. Mas para cada gol que fazem em termos de imagem -de palestras inspiradoras em congressos internacionais a novos restaurantes com naipe para competir com os melhores de outras capitais- tomam dois.

O primeiro, os arrastões em si. O segundo, as reportagens negativas que seguem, espalhando o medo.

A saída é agir. E o panelaço sendo organizado por Dahoui para protestar contra os arrastões é um passo a se aplaudir.

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Chefs Massimo Bottura, René Redzepi e outros em rave gastronômica na Bélgica

Por Alexandra Forbes
11/06/13 00:29

Uma coisa é jantar em restaurantes premiados. Outra é jogar-se de cabeça na loucura coletiva dos chefs que tocam esses lugares.

Para muitos deles, comer e dar de comer é emocionar-se, é sair da realidade por algumas horas. Se fossem muito normais, não estariam onde estão. Os chefs que considero mais geniais no mundo hoje são os mais fora da curva, sensíveis e imprevisíveis: Albert Adrià, Jordi Roca, Magnus Nilsson.

Isso explica porque muitos nomes do A-list mundial – inclusive os famosos chefs René Redzepi do Noma e Massimo Bottura da Osteria Francescana – toparam largar seus respectivos restaurantes por uma noite em Ghent, na Bélgica. Para soltarem-se. Para viverem um misto de instalação de arte, show de rock e jantar.

Difícil de entender, eu sei. Mas assim é.

O evento – ou rave de gastronomia- chama-se GELINAZ. Acontecerá dia 30 deste mês em Ghent. Todos os chefs convidados (lista completa no poster acima) irão preparar versões muito suas de um famoso prato do respeitado chef e escritor belga Philippe Edouard Cauderlier (timbale de legumes, frango e carne de porco, receita de 1857!!). Sem parar, um após o outro, para uma plateia de 45 pessoas (cujos “ingressos” são cadeiras compradas em leilões). Uma performance sem hora para terminar.

Cauderlier fez fama adaptando receitas da grande cozinha burguesa às classes mais populares, muitas vezes substituindo as matérias-primas mais caras por produtos mais acessíveis. Um tema muito atual, não?

Quem precisa de tamanha maluquice? Passar horas e horas provando montes de versões de um mesmo prato? Ora, eu acredito que não só de boa comida como também de momentos especiais vive a alta gastronomia.

Comer também é deixar-se levar por ideias contidas em pratos, dar uma viajada.

Esses chefs de primeira que vão participar do Gelinaz também estarão ali para darem suas “viajadas”, para fugirem das amarras de seus respectivos restaurantes e sentirem a energia da performance. Só pode fazer bem a um chef (e sua criatividade) o estímulo artístico que é se entregar ao acaso e topar uma “jam session” cujo resultado se come. Ainda mais essa, obscuramente ligada à banda Gorillaz e prevista para durar a noite toda.

Ghent é longinho, eu sei. Mas vai rolar um segundo Gelinaz em Lima em Setembro. Soa tentador, não?

 

Reservas e informações: contact@gelinaz.com

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Per Se, Eleven Madison Park e segredos trocados entre comilões

Por Alexandra Forbes
10/06/13 22:42

Thomas Keller, chef-proprietário do Per Se em Nova York

Das perguntas que sempre me fazem quando descobrem qual é meu trabalho, as mais comuns são:

1) Por que você não engorda?
2) Os chefs sabem quando você vai comer no restaurante deles?
e
3) Como você escolhe onde comer?

A resposta à pergunta número 1 resume-se a uma palavra: disciplina. Número dois? Em São Paulo e Montreal, geralmente me reconhecem. Em outros lugares, só em restaurantes de chefs conhecidos, que já me viram mil vezes em fóruns de gastronomia. Mas…. sabem que importa menos do que parece? A comida é o que é. Não muda porque alguém apareceu de repente. Só aumenta a bajulação…

E a terceira pergunta…. eu escolho com base em muita lição de casa. Nunca viajo sem pesquisar antes. O tempo é curto, o dinheiro, valioso demais para ser gasto em lugares não dignos de nota. Além de usar a internet, meu “utensílio” mais valioso é o feedback de gente que, como eu, come e come e come sem parar.

Sim, eu recomendo lugares o tempo todo. Mas se não fosse por essas pessoas com quem troco impressões eu jamais poderia acertar no alvo com a frequência com que acerto. Pego dicas de amigos críticos gastronômicos, principalmente, mas também de alguns gourmets paulistanos muito, muito entendidos.

Um deles acaba de voltar a Nova York. Tomo a liberdade de reproduzir o relato dele,  honesto e utilíssimo, pelo qual sou mais do que grata. A quem interessar possa….

restaurante Eleven Madison Park em Nova York

“Então, minhas impressões sobre o “Per Se” são as seguintes:

Fazia exatamente um ano que eu não ia ao Per Se, parece que eu tive um dèjá vu, foi praticamente o mesmo jantar, tá certo que no EMP (Eleven Madison Park) também tiveram vários pratos de um ano atrás, mas lá você consegue perceber uma evolução, já no Per Se é mais difícil tal percepção. Talvez ano que vem o foie não venha acompanhado de geleia de Riesling, mas sim de Gewurztraminer, entende ? Restaurante um pouco cansado, mas feliz e confiante naquilo que serve.

No EMP, Brooklyn Fare, você sempre espera uma surpresa, o Per Se é totalmente previsível.

Gostei da comida, tirando um tartare que estava muito salgado, o sal também foi  problema em alguns pratos no EMP e no Momofuku Ko.
Os pães estavam ruins em todos os restaurantes da viagem, menos mal no Brooklyn F.
De uma maneira geral eu gosto muito da comida no Per Se, sem falar das sobremesas que eu adoro, o ambiente é mais chato que a média, devo concordar.

Dos 3*s que fui nessa viagem, acho o EMP o mais completo, com mais identidade, criatividade e com a melhor e mais simpática brigada, já o Brooklyn F. é o que trabalha com os melhores ingredientes e procura demonstrar isso, Per Se é aquela “mesmice”, mas que muito me agrada, e o JG fico na dúvida se merece mais que uma estrela. Só fui ao JG uma vez, pode ter sido o dia, sei lá. A comida estava ok, mas os pães e sobremesas bem fracos, serviço então, péssimo.

Acho que os destaques da viagem foram: Brooklyn Fare, Casa Mono, NoMad, Mission Chinese Food e a orelha de porco frita do Salvation Taco (melhor coisa que comi na viagem). Apesar de ser um pouco “viagem demais” pro meu gosto, curti bastante o Atera.

E as decepções seriam o Ko e o Jean Georges.

É isso…fotos do menu em anexo.”

Fantástico, não? 🙂

ADENDO:

Acho que depois disso eu também deveria dar meu feedback. Faz tempo que não como no Per Se. Acho longo e chato mas tecnicamente impressionante. O Ko…. Deus do ceu, meu jantar foi um desastre completo. Brooklyn Fare, jamais consegui mesa. E Eleven Madison Park? Está em seu auge. Melhor restaurante dos que visitei nos Estados Unidos (digo isso sem ter ido aos melhores da Califórnia), com um serviço absolutamente impecável, tão raro hoje em dia.

 

E mais sobre o Eleven Madison Park e seu chef, Daniel Humm:

– Chef Daniel Humm reina em Nova York
– Chefs Daniel Humm, Alice Waters e David Chang em São Paulo
– Chefs Daniel Humm (EMP) e Grant Achatz (Alinea) trocam de cozinha

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Dez endereços favoritos em São Paulo para levar amigos estrangeiros

Por Alexandra Forbes
10/06/13 20:19

Lobby do hotel Fasano

Um amigo meu inglês, grande conhecedor da gastronomia, está indo a São Paulo. Automaticamente, comecei a pensar nos lugares que eu gostaria de mostrar a ele. Além, claro, daqueles que eu chamo de “incontornáveis”, que todo estrangeiro quer e deve conhecer (D.O.M., Maní, Mocotó).

Forcei-me por isso a fazer uma bela reflexão sobre meus lugares favoritos. Mentira: melhor dizendo, pensei em quais seriam os lugares dos quais eu, como paulistana,  mais me orgulho. Basicamente, os mesmos lugares que indiquei à equipe do Anthony Bourdain quando fizeram um episódio sobre São Paulo, ano passado (acataram quase sempre mas teimaram em incluir umas roubadinhas-para-gringo-ver). Essa minha lista é bem high-low, como, acho eu, deve mesmo ser.

Em ordem alfabética:

Baretto
Sou antiga, fazer o quê? Adoro um piano-bar…. ainda mais um onde sempre me tratam bem. E antes de entrar no Baretto em si, adoro “exibir” para amigos de fora o lobby do hotel Fasano, para mim um dos mais elegantes das Américas. Raro um lobby que também é bar, não? E lindo.
Rua Vittorio Fasano, 88, tel. 3896-4000

Bar do Luiz Fernandes:
Botequim feliz, ruidoso, paulistaníssimo, na Zona Norte. Fui por indicação do Rodrigo Oliveira e caí de amores. Grandes petiscos, grande atmosfera. Uma bagunça bem organizada.
Rua Augusto Tolle, 610, tel. 2976-3556

Bar Veloso:
Melhor caipirinha de São Paulo. Melhores petiscos de São Paulo. Tudo servido em um feliz e boêmio aperto, em uma esquininha simpática.
Rua Conceição Veloso, 56, tel. 5572-0254

Coffee Lab
Tem lugar mais adoravelmente cool na Vila Madalena para se tomar um café? Duvido muito. Esse grau de “coolness” geralmente só vejo em lugares como o Brooklyn em Nova York. E quando o café, além de excelente, pode vir com o melhor bolo de cenoura que já comi na cidade…..
Rua Fradique Coutinho, 1340, Vila Madalena, tel. 3375-7400

Epice
Recomendo sempre a estrangeiros que já foram ao Maní e ao D.O.M.  Um sólido endereço de cozinha autoral, nem sempre compreendido.
Rua Haddock Lobo, 1002, tel. 3062-0866

Ici Bistrô
Na verdade não é bem um lugar para levar gringos, já que de bons bistrôs o mundo está farto. Ainda assim, desde que foi refeito e ficou com cara de um mini-Balthazar eu acho o Ici um dos lugares mais certeiros de São Paulo, desses que dá para recomendar sem medo, nem que seja só para tomar um negroni no bar. Idem seu “irmão”, Tappo, pequenino e gostoso.
R. Pará, 36, tel. 3257-4064

Izakaya Issa
São Paulo tem japoneses até demais. Principalmente “japoneses de playboy”, à la Nagayama. (Um parêntese – fui há um mês no mais novo da leva, o Oka e…. não preciso voltar. Só o óleo de trufa do qual tanto se orgulham me tirou o apetite). Então, com tantas opções, por que vivo voltando ao Izakaya (bar de saquês e comidinhas) da dona Margarida? Por que ela cuida de perto, recebe com carinho e cuidado, e só serve coisas muito bem feitas, dos saquês aos bolinhos de polvo que são a especialidade.
Rua Barão de Iguape, 89, Liberdade, tel. 3208-8819

Lá da Venda
Ao invés de tentar explicar os sabores do interior de S.P. e de Minas, eu simplesmente levo as pessoas ao adorável Lá da Venda, da igualmente adorável Helô Bacellar, cozinheira de mão cheia. Lá servem o melhor bolinho de chocolate que já provei, em forma de joaninha, e mil outros doces maravilhosos, entre outras coisas. Clima interiorano, bom gosto, e mil e um achados que dão vontade de gastar o que não se deve, de queijo da Canastra a bules esmaltados. Amo.
Rua Harmonia, 161, tel. 3037-7702

Pirajá:
Um botequim retrô que virou template para mil e uma imitações mas, a meu ver, imbatível. Ótima feijuca, ótimas friturinhas, ótimo chope, excepcional serviço. E um quê de Rio de Janeiro, com  muito samba na caixa. Fui uma das primeiras clientes, e, até hoje, volto sempre que posso.
Av. Brg. Faria Lima, 64 – Pinheiros  tel.. 3815-6881

Shin Zushi, em noite recente: melhor japonês de São Paulo

Shin Zushi:
Adoro chocar céticos mostrando que em São Paulo come-se sushi de primeiríssima. Não há lugar melhor para provar a teoria do que o balcão do Shin. Bem caro, serviço mais ou menos mas…… baita restaurante, servindo o melhor peixe cru da cidade.
R. Afonso de Freitas,169, Paraíso, tel. 3889-8700

E mais posts meus sobre São Paulo, neste link.

 

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