Chef David Muñoz, do DiverXO, logo após receber a terceira estrela Michelin, na cerimônia de premiação em Bilbao. Foto: Miguel Pires
Nesta época do ano saem vários guias Michelin, com mais ou menos alarde.
Os últimos? Suíça, Luxemburgo e Alemanha.
Sobre o Michelin Itália e Niko Romito, o novo tri-estrelado do país, escreveu lindamente meu colega Stefano Bonilli, neste link (santo Google Translator).
Mas nenhum Michelin é tão aguardado quanto o espanhol, não só por mim como por qualquer um ligado ao mundo da gastronomia. Principalmente porque não há Michelin mais polêmico (há anos muitos espanhois reclamam que por ser francês o Michelin lhes dá menos estrelas do que deveria, por preconceito, para favorecer indiretamente a França).
Esse Michelin também “causa” mais porque a Espanha, mesmo depois da onda da cozinha nórdica, continua sendo a capital mundial da nova gastronomia. (Um parêntese: o guia inclui também Portugal, mas são tão parcas as estrelas que mal fala-se disso, aos interessados recomendo a leitura deste post de Duarte Calvão).
Discordo dos que acusam o Michelin de querer dar colher de chá aos franceses.
Se há um guia no mundo que ainda faz as coisas como deve, pagando a conta e visitando lugares sucessivamente, é o Michelin.
Se comete injustiças, é por um fator “lost in translation”, simplesmente.
Há lugares, principalmente os mais de vanguarda, que eles têm dificuldade em apreciar. Vide Quique Dacosta, que é um dos três maiores cozinheiros do país e amargurou anos e anos esperando a terceira estrela Michelin. Até mesmo os irmãos Roca, hoje tão paparicados e famosos, tiveram que esperar muito mais do que o esperado pela terceira estrela. Quem os vê agora, unanimente admirados, nem sempre sabe que o caminho deles até aqui foi super árduo, e a escalada de estrela em estrela incrivelmente longa.
O novo Michelin Espanha e Portugal 2014 foi lançado ontem no museu Guggenheim em Bilbao, no País Basco.
Choveram estrelas.
Todos os três estrelas mantiveram seu status, e um novo juntou-se ao time: David Muñoz, do DiverXO em Madri. Isso calou os críticos que diziam ser absurdo não haver um três estrelas na capital espanhola.
Nada menos que vinte restaurantes foram agraciados com a primeira estrela, inclusive dois de meus favoritíssimos, o 41Grados e o Tickets, ambos de Albert Adrià.
A minha conclusão? Esse guia tem sua utilidade, e aponta, mais ou menos bem, os melhores restaurantes da Espanha. Mas premia certos chefs que não merecem tanto, enquanto não vê todo o mérito de restaurantes que eu considero fantásticos (Mugaritz, principalmente, que injustamente continua sem sua terceira estrela).
A qualquer um que me pergunte quais são os melhores da Espanha, diria:
41Grados, Quique Dacosta, Martin Berasategui e El Celler de Can Roca. Grandíssimos.
Em seguida: Azurmendi, Mugaritz, Akelarre.
Mas é aquela velha história: gosto não se discute……
E mais:
E aqui, a lista dos 3 e 2 estrelas, e dos novos 1 estrela:
Três estrelas (8)
Juan Mari Arzak: Arzak (San Sebastián)
Martín Berasategui: Berasategui (Lasarte)
Carme Ruscalleda: Sant Pau (Barcelona)
Pedro Subijana: Akelarre (San Sebastián)
Joan, Jordi e Josep Roca: Celler de Joan Roca (Girona)
Quique Dacosta: Dacosta (Denia)
Eneko Atxa (Azurmendi, Bizkaia)
David Muñoz: Diverxo (Madrid)
Dois estrelas (17):
Paco Pérez: Enoteca (Barcelona) e Miramar (Girona)
Raúl Balam y Carme Ruscalleda: Moments (Barcelona)
Andoni Luis Aduriz: Mugaritz (Rentería)
Jordi Cruz: ABaC (Barcelona)
Diego Guerrero: Club Allard (Madrid)
Ramón Freixa: Freixa (Madrid)
Dani García: Calima en Marbella (Málaga)
Óscar Velasco: Santceloni (Madrid)
Paco Roncero: La Terraza del Casino (Madrid)
Sergi Arola: Sergi Arola (Madrid)
Casa Marcial de Arriondas (Asturias)
Lasarte (Barcelona)
Atrio (Cáceres)
Les Cols de Olot (Girona).
El Portal (Ezcaray), La Rioja
M.H. (Guía de Isora, Santa Cruz de Tenerife)
Uma estrella (20 novos)
Monastrell (Alicante)
L’Angle (Barcelona)
41º (Barcelona)
Gaig (Barcelona)
Tickets (Barcelona)
Zaranda (Mallorca)
Árbore de Veira (La Coruña)
La Salgar (Gijón)
Malena (Lleida)
La Botica (Matapozuelos, Valladolid)
La Casa del Carmen (Olías del Rey, Toledo)
Arbidel (Ribadesella, Asturias)
Alejandro (Roquetas de Mar, Almería)
L’Ó (Sant Fruitós del Vallés, Barcelona)
Tierra (Torrico / Valdepalacios-Toledo)
Hospedería El Batán (Tramacastilla, Teruel)
Les Moles (Tarragona)
El Poblet (Valencia)
Cal Paradís (Castellón)
BonAmb (Xabia, Alicante)
E, para terminar, um vídeo para quem tiver curiosidade de ver um pouco do auê de ontem na cerimônia de premiação, neste link.