- RSSAssinar o Feed do blog
- Email@grupofolha.com.br
- Twitter@aleforbes
Alexandra Forbes
A gourmet itinerante
Perfil Alexandra Forbes divide seu tempo entre Montreal, São Paulo e restaurantes pelo mundo afora.
Perfil completoRestaurantes em Londres: lista rápida de meus favoritos
19/01/13 19:00Minha irmã está de partida para Londres. Já escrevi coisas mais extensas sobre restaurantes londrinos, mas acho que ela irá apreciar – e vocês também, espero – essa lista resumida de alguns de meus favoritos:
Dabbous
Este foi o que mais me impressionou na última ida a Londres.
Há muitos anos não se via um new kid on the block ascender assim, meteoricamente. Ollie Dabbous, depois de chegar ao posto de chef no famoso restaurante Le Manoir Aux Quat’Saisons e passar por curtos estágios em outros restaurantes renomados, como o Noma, em Copenhague, juntou dinheiro de parentes e sócios e abriu o Dabbous sem esperar que emplacasse. Em meras duas semanas, recebeu a primeira de uma série de críticas entusiasmadamente positivas e viu-se com o melhor problema que um chef pode ter: telefone tocando sem parar e inbox entupida de emails. A dura batalha por uma mesa vale a pena: o chef consegue extrair o máximo de sabor do mínimo de ingredientes. Sim, um cozido de perna de vitela com spelt (um cereal) e salsão é muito mais do que a soma de três elementos potencialmente sem-graça. Cebola grelhada com sour cream, beterraba e talos de agrião, idem. “Acredito em simplicidade restrita e clean. Quero um prato que tenha um fator-uau mas pareça fácil, e não tenha cara de comida de chef”.
39 Whitfield Street, tel. +44 20 7323-1544
Koya
Melhor do que pedir dica ao primeiro taxista é perguntar a um bom chef onde ele gosta de comer nas noites de folga. Quando vários deles dão a mesma resposta – Koya, o japonês no bairro do Soho – é porque o lugar merece ser levado a sério. Não pelo ambiente, completamente despido de luxos e formalidades, quase espartano, mas sim pela comida, restauradora no melhor sentido da palavra. Os udons (grossos macarrões japoneses) podem ser pedidos frios ou quentes, nadando em saboroso caldo com perfume de peixe, com ou sem ovo cozido, tofu frito, nacos de carne de porco e outras gostosuras. Bebe-se chá, compartem-se mesas e o melhor: gasta-se pouco.
49 Frith Street, não dão telefone porque não aceitam reservas
Scott’s
O velho Scott’s, fundado em 1858, ainda é imbatível em peixes e frutos do mar. Além de elegantíssimo. Talvez meu lugar favorito para almoçar em Londres. Arraia com beurre noisette? Espetacular. Ervilhas “amassadas no garfo”? As melhores que já comi fora de Barcelona. Dover Sole, rei dos peixes, à meunière? Parecia ter saído do mar naquela manhã, a pele sequinha e dourada, a carne tenra, cheia de sucos. Serviço à antiga, salão de extremo bom gosto e, claro, preços à altura.
20 Mount Street, tel + 44 7495 7309
St. John
Há anos este é o templo inglês da gastronomia nose-to-tail (fuça ao rabo), em que aproveita-se cada parte do bicho sacrificado. Reverenciado por chefs e críticos, o audaz (e doidinho) chef Fergus Henderson serve em um espaço todo branco pratos sui generis (tutano com salada de salsinha está entre os carros-chefes), em pratos sem enfeites nem firulas. Escondido em ruazinha pacata perto do mercadão de carnes do East End, o St.John é para iniciados e fãs resolutos de miúdos e carnes em cortes incomuns.
26 St. John Street tel. +44 20 3301 8069
Albion
Por mais luxuoso que seja um hotel, nunca se pode esperar que sirva ovos mexidos devidamente cremosos ou croissants que se esfarelam na primeira mordida. Café da manhã perfeito é verdadeira raridade e o Albion, no hotel The Boundary, passa na prova com louvor. Servindo salmão defumado de fazer virar os olhos, baguetes esplêndidas, a melhor Danish de Londres (massa folhada com creme e frutas) e geleias artesanais, esse mixto de café e boulangerie atrai não-hóspedes de toda a cidade, formando longas filas nos fins de semana. Também servem almoço e jantar, com a mesma pegada apresentação-simples-e-execução-impecável. Além de comes e bebes impecáveis, o Albion ainda tem uma clientela descolada e ambientação ultracool, já que o dono é ninguém menos que o sir Terence Conran, dos maiores nomes do design inglês.
2-4 Boundary Street, tel. +44 20 7729 1051
The Ledbury
Logo que o primeiro amuse-bouche chega à mesa já se começa a ver como é que o belo restaurante em bairro fora do circuito conseguiu galgar este ano 20 posições no mais importante ranking que há, o The World’s 50 Best Restaurants, ficando em 14o. A exímia beleza de cada bocado que se leva à boca não passa da primeira metade da alegria: a outra está na maestria de combinações e cocções. Ostra empanada com dill? Deliciosa. Filé e costela de vaca inglesa cozidos lentamente, com cebola defumada? Sublime. Soufflé de maracujá no qual mergulham, à mesa, bolota de sorvete de vinho Sauternes? Fora de série. Isso sem falar no serviço impecável e no lindo salão com vista para charmosa rua de sobrados e árvores frondosas. Perfection.
127 Ledbury Road, tel: +44 20 7792-9090
Roka
Um ótimo japonês especializado em robatas, no Soho. Não é novo mas mesmo assim vive cheio e badalado. Mais uma vez, comi maravilhosamente. Dos mesmos donos do Zuma, outro que está na lista dos melhores restaurantes de Londres.
37 Charlotte Street, tel: +44 20 7580-6464
Restaurante Kajitsu, em Nova York: muita fama, pouco sabor
16/01/13 19:33Vou fazer uma confissão.
Eu estava no final do menu degustação do Kajitsu, um elogiadíssimo restaurante japonês vegan em Nova York, quando virei para meu amigo e disse:
“Não aguento mais essas verduras sem gosto, só de pensar em um belo pedaço de atum me dá água na boca”.
Ele, chef e tão guloso quanto eu, respondeu na lata:
“Vamos pedir a conta e sair logo daqui!”.
Pedimos para levar a sobremesa para viagem (na foto acima). Que, diga-se, era tão sem gosto quanto todo o resto…. Um mochi (bolinho de farinha de arroz) totalmente sem graça, coroado com um pedaço de gengibre cristalizado.
Vinte minutos depois, estava mandando ver em um prato de niguiris super bem-feitos no Blue Ribbon sushi, um japonês das antigas no Soho (naquela hora foi o primeiro que me veio em mente).
Sou meio radical pra essas coisas, mas acho a vida curta demais para comida medíocre. Se não está muito bom, não como. Simples assim.
Mas confesso que esperava mais do Kajitsu. Tinha sido super elogiado por gourmets de gosto e reputação impecáveis, como meu amigo Bob Noto. E, quando o jantar começou, achei que ia por um bom caminho, a julgar pela linda “camélia” de pétalas de repolho:
Ruim, não era. Bom, também não.
Uma sopinha com um bolinho frito veio em seguida. Esquecível e com sal a menos.
Meu amigo pediu um prato especial com trufas brancas do Piemonte. Fatias geladas e sem qualquer aroma, totalmente insípidas. Perda de dinheiro.
O soba (macarrão) tinha pouco “bite”, estava mais molenga do que deveria – e olhem que sou muito fã de soba! Joguei a trufa do prato anterior no caldo do macarrão pra ver se “ressuscitava” seus aromas mas…. nada feito.
A gota d’água foi o sushi de raiz de lótus e de cogumelos, cujo arroz era compacto e avinagrado demais:
Enfim: eu poderia mostrar mais pratos mas não vale a pena. O investimento de US$ 80 por pessoa (mais taxa, serviço, saquê, etc.) no menu degustação foi furado. O único momento memorável foi a chegada desse lindo arranjo de legumes homenageando o ano novo: impressionante!
Batata-roxa esculpida, chuchu recheado de gelatina, feijão preto em conserva adocicada, uma beleza. Delicioso, não posso dizer que era…
A lição é: jamais confie em recomendações recebidas meses antes, ou lidas em um site qualquer. Nesse caso, vim a descobrir depois que o chef mudou e que o Michelin tirou uma das estrelas do restaurante. Eu deveria ter feito uma pesquisa mais rigorosa e aprofundada, e me estrepei.
Não repetirei esse erro…. 🙂
Kajitsu: 414 East 9th Street tel. +1 212 228-4873
Ici Brasserie, no shopping JK: primeiras impressões
15/01/13 16:52Entre minhas férias em Trancoso e esta minha atual estadia em Nova York – uma semana insana de muita comilança – passei 24 horas em São Paulo. Mesmo voando, não pude deixar de dar um pulo na novíssima Ici Brasserie, parceria dos meninos do Ici Bistrô (Benny Novak e Renato Ades) e os meninos do Pirajá, Astor e cia.
Não vou fazer uma “crítica” com base em um rápido almoço, mas depois de provar o “carpaccio” de cogumelos, o cheeseburguer, as charcuteries e duas sobremesas posso dizer que o lugar vai explodir.
Estava tudo ótimo, exceto, talvez, o mil folhas, cuja massa assou menos do que deveria.
O famoso pain perdu do Ici também está no menu, claro…. e eu não resisti, claro. Rabanada da boa, o brioche com ligeiro sabor de sal e fermento, belo contraponto ao açúcar da crème anglaise:
O Benny Novak recomendou que eu pedisse o cheesebúrguer – e quem sou eu para desobedecer o chef-proprietário, né?
Belas fritas, bem fininhas, com sal de boa qualidade.
Mas preferi os cogumelos, confesso, apesar de não saírem tão bem na foto. Carnudos, sedosos, ligeiramente acidulados:
Belo assortimento de charcuteries, casando às mil maravilhas com o gostosamente complexo chopp da casa, Ici 01, feito sob medida pela Colorado – coisas ainda difíceis de achar em São Paulo.
O maior trunfo da brasserie, no entanto – mais até do que a comida – é o décor, claramente inspirado no novaiorquino DBGB, lugar de hambúrgueres e hot dogs do chef Daniel Boulud. Qualquer semelhança entre as prateleiras escuras de ambos, que parecem cercar o salão e deixam entrever a cozinha, não é mera coincidência. 😉
Achei o lugar lindo, lindo, lindo. E o melhor: não tem cara de restaurante de shopping.
Palmas a eles.
ICI Brasserie
Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041, 3º piso, Vila Olímpia (Shopping JK Iguatemi)
Tel: 3078-1313
Hotel NoMad, em Nova York, em 10 imagens
14/01/13 17:42Às vezes, fotografias dizem mais do que mil palavras. Passei três noites incríveis no hotel NoMad, em Nova York (dos mesmos donos de outro que eu adoro, o Ace). Resolvi tentar traduzir as sensações de estar lá através de algumas imagens….
NoMad: 1170 Broadway, tel. +1 212 796-1500
E mais sobre o hotel neste blog:
Serviço em Nova York: entre o ceu e o inferno
12/01/13 16:08Nada como ser mal servida no almoço para apreciar ainda mais o bom serviço no jantar.
Desde que cheguei em Nova York, três dias atrás, experimentei dois extremos.
Meu jantar no Isa, no Brooklyn, foi estragado pela garçonete (mais-que-ignorante) e o barman (auto-confiante demais). A primeira, quando pedimos que sugerisse um bom tinto orgânico e pouco encorpado, começou a apontar, de um em um, os vinhos orgânicos da carta: “ó, este aqui é orgânico, este também, este também….”. Grande exemplo de sommelerie…..
O barman, quando eu perguntei se poderia fazer algo bom com tequila, respondeu” “Claro! Tudo aqui é ótimo!”. Mandou um coquetel com tanto gosto de amêndoas que tive que devolver.
Ah, e que tal a gordinha de shortinho de couro bordô no M.Wells Dinette que, quando perguntamos o que ela recomendava, entre o prato de língua e o peixe, que mandou um “ah, sei lá, depende que tipo de proteína você tá a fim de comer”.
Desses desavisados para os garçons que me serviram nos dois restaurantes do duo Daniel Humm e Will Guidara há um oceano de diferença.
No Eleven Madison Park, fiquei boquiaberta com o balé ultrapreciso dos garçons – mas já esperava que fossem bons, porque afinal de contas trata-se de um três estrelas Michelin.
O susto mesmo veio no restaurante deles no hotel NoMad (mais sobre isso neste outro post). Afinal de contas, ninguém espera ser muito bem-tratado em um lugar da moda. Ainda mais um que tenha 40 pessoas amontoadas no bar e outras tantas esperando mesa. Mas…. que capricho, que cuidado com o cliente!
No bar, bebi bem. No restaurante, fui tratada a pão de ló, por uma equipe super afinada e entendida, todos com cara de que gostam do que fazem, sabem como?
Saí de lá en-can-ta-da.
Querem um exemplo? Perguntei ao barman quais bares ele recomendaria em Nova York. Vinte minutos depois ele surge com o seguinte cartão:
Preciso dizer algo mais? (Tudo bem que estou hospedada no hotel, e que fui reconhecida por um dos sócios, mas… mesmo assim…. achei totalmente fora da curva)
NoMad: 1170 Broadway, tel. +1 212 796-1500
Um drinque no badaladíssimo bar do hotel NoMad em Nova York
12/01/13 15:21Estou há três dias em Nova York, testando novos restaurantes. Uma deliciosa maratona.
Ontem fui até o Queens experimentar o M.Wells Dinette, nova encarnação do mais-que-badalado-e-elogiado M.Wells, que funcionava em um trailer adaptado. Mas depois conto do almoço. O fato é que saí de lá achando que não conseguiria comer nada pelos próximos dois dias, de tão (gostosamente) pesada que era a comida.
Cheguei ao hotel lá pelas 4, me joguei na cama fofíssima, dei uma trabalhada e pimba! Já era hora de pegar o elevador para jantar aqui mesmo no NoMad (mesmo nome do bairro, abreviação de North of Madison Park), cujo restaurante tem fama de ser não só o lugar do momento mas também muito bom (é tão rara a combinação de badalação e boa comida….). É comandado por Will Guedara, que cuida do salão, e pelo chef Daniel Humm, que tornou-se de três anos para cá a grande estrela da cena gastronômica novaiorquina (leia aqui porque).
Como é que eu iria conseguir jantar?! Nada como um bom drinque para abrir o apetite, pensei. E cruzei o (lindo) salão do restaurante até o bar no fundo. Mega barulho. Umas quarenta pessoas alegremente bebendo, de pé. Claramente felizes de estarem no lugar da moda. Mas não ia dar para encarar aquilo.
Encontrei um salãozinho bem mais íntimo ao lado, que chamam de Library Bar, e pedi para me sentar (sim, porque uma hostess fica guardando a porta, de prancheta em mãos).
Mesas baixinhas, paredes forradas de estantes de livros, um clima muito muito sexy. Logo surgiu o barman, Leo Robitschek, que não poderia ser mais simpático (que, vim a saber depois, é o bar manager, e adora o Brasil).
Leo descobriu que sou fã de mezcal (um primo menos conhecido da tequila, feito na região de Oaxaca, meu destilado favorito).
E preparou para mim um drinque de nome fatal: black dahlia. Mezcal, jerez de moscatel, Grand Marnier e larga fita de casca de limão siciliano. Grande complexidade a cada gole. Tão bom que bebi ele todinho em dez minutos e levantei-me já meio alegre para seguir até a sala de jantar.
E que sala de jantar! Veludos, vermelhos, folhagens enquadradas, garçons vestindo coletes de algum alfaiate chique, poltronas com franjas, um luxo nada afetado, muito acolhedor.
E o jantar? Ahhh…. sonho com ele até agora mas isso já é tema para outro post. Nova York me espera!
NoMad: 1170 Broadway, tel. +1 212 796-1500
E mais sobre Daniel Humm e o restaurante do NoMad:
A cotação máxima de três estrelas no Guia Michelin é o olimpo que todo chef sonha em atingir. Em 2012 Daniel Humm tornou-se um dos sete que detêm a distinção em Nova York, com seu restaurante Eleven Madison Park (um dos mais belos da cidade), que fica pertinho do NoMad.
No NoMAD é possível ter um gostinho da cozinha de Humm em clima informal. Enquanto no Eleven Madison só há menus-degustação, no NoMad pode-se pedir à la carte. O carro-chefe: frango assado com trufas negras e foie gras e crosta de brioche, para dois.
E mais sobre o chef Daniel Humm:
Coluna no COMIDA, da Folha: “Daniel Humm reina em Nova York”
Chefs David Chang, Alice Waters e Daniel Humm em visita a São Paulo
O que David Chang, Alice Waters e Daniel Humm acharam dos restaurantes paulistanos
Daniel Humm e outros chefs estrangeiros visitam o Complexo do Alemão, no Rio
The NoMad e Rosemary’s vencedores no Eater’s Awards
Chefs Daniel Humm (Eleven Madison Park) e Grant Achatz (Alinea) trocam de cozinha
Em Trancoso, mais do mesmo
09/01/13 03:00Venho todos os anos a Trancoso e me perguntam porque não faço um guia dos restaurantes dessa praia do sul da Bahia. De que serviria, me pergunto? Aqui, para o bem ou para o mal, a tendência sempre é mais do mesmo. No verão, paulistas, cariocas e (cada vez mais) estrangeiros ricos vêm em busca de festas glamourosas, sol e praia e social nos restaurantes do circuitinho.
O que querem quando jantam fora? O blend de ambiente animado e belo e comida boa. O gourmet que vai atrás de um buraquinho feio só porque ouviu dizer que o chef faz um ceviche incrível? Peça rara. A maioria dos frequentadores de Trancoso quer mais é badalar. Se, por acaso, a moqueca estiver boa, é lucro.
Fica fácil prever quais lugares voltarão a emplacar. Os campeões em charme e badalação continuam a pizzaria Maritaca e o Jacaré Los Negros (esse último, parceria do chef argentino Francis Mallmann com os paulistas Fernando Droghetti e Jean Milan). Quase vizinhos, oferecem o que há de menos baiano. Pizza de rúcula, carpaccio e Nutella com banana no primeiro; tartare de atum, ojo de bife e crepe com dulce de leche no segundo.
Conhecidos reclamam dos preços altos. E voltam noite sim, noite não, mantendo um climinha de perene animação.
Para não dizer que os forasteiros não comem moqueca, os bons baianos do Quadrado (a pracinha central, gramada), Silvana e Cantinho Doce, vivem cheios. Cobram preços de Londres por seus camarões, mas oferecem, em troca, vista para a icônica igrejinha e camarote para o vaivém de personagens.
No entanto, lugarzinhos como a ótima parilla de um casal de argentinos e o sushi frequentado por locais não emplacaram. A nova pizzaria de um egresso do Maritaca, com cevicheria anexa, tampouco.
O relato a amigos paulistas de minha última descoberta –o sacado Monkey Bar, de um francês e dois texanos, que serve fish’n’chips e frozen margarita impressionantes–, foi recebido com olhares perplexos. Aqui, descobertas importam menos do que conseguir mesa no bom de sempre.
A ascensão da dieta antiesnobe
26/12/12 03:00Ondas de comportamento migram do primeiro mundo ao Brasil com anos de atraso. Quando lá fora passaram a cobrar por sacos plásticos descartáveis em supermercados, nem se falava nisso por aqui.
O mesmo acontece com a guinada pró-orgânicos. O movimento começou a pegar embalo uns 20 anos atrás nos países mais ricos, onde já faz uma década que fazem sucesso feiras de orgânicos e mercados naturebas como o Whole Foods. Marcas de produtos orgânicos e a cozinha “farm-to-table” (da fazenda à mesa) caíram no “mainstream”.
No Brasil, só agora esse movimento vem tomando força. Isso, graças ao afinco de pequenos fazendeiros, a novas marcas de prestígio, como os chocolates baianos Amma e a linha Retratos do Gosto, e a chefs que brigam para conscientizar o público, como José Barattino, do Emiliano.
Já no primeiro mundo, começo a notar muita gente dando marcha-ré, parcialmente uma reação à recessão. Sim, orgânicos fazem bem à saúde e comprá-los nos dá a sensação de dever cumprido, mas a verdade é que custam muito mais caro.
Neste mês, a “Time” estampou na capa mosaico de frutas e verduras congeladas, chamando para reportagem sobre “a dieta antiesnobe”. O médico Mehmet Oz bateu contra o elitismo gastronômico:
“Nutricionalmente, há pouca diferença entre o espinafre da feira orgânica e um modesto bloco de espinafre saído do congelador (do supermercado)”.
Em uma tabela, comparou versões comuns de azeite, atum, chocolate etc. e seus pares “gourmets” e orgânicos. Que lado ganhou? Notou, por exemplo, que ovos de granja industrial são “boa fonte de proteína e vitamina B –e uma barganha”. Ovos de galinhas caipiras? “Caridosos, mas muito mais caros”, diz, sentenciando: “um ovo é um ovo”.
Duro? Sim. Há verdades que vão contra aquilo pelo que torcemos.
Orgânico ainda é para ricos, assim como mais vale um saco de mirtilo congelado em três segundos, usando alta tecnologia, do que caríssimas bolinhas azuis importadas do Chile, supostamente frescas.
Chef April Bloomfield, do The Breslin, abre o mexicano Salvation Taco em Nova York
19/12/12 03:03Comida mexicana bem-feita anda na moda em Nova York…. O primeiro sinal foi a decisão radical de Alex Stupak, um super chef pâtissier, de deixar o comando das sobremesas do tecnoemocional WD-50 para abrir o Empellon Cocina. Experiência prévia com cozinha mexicana? Zero. Mas deu super certo.
Isso foi em 2011. O Empellon Cocina deu cria ao Empellon Taqueria. E agora, outra chef super reconhecida em Nova York, a inglesa April Bloomfield, resolveu ir pelo mesmo caminho, abrindo o Salvation Taco, no hotel Pod39, com seu sócio de sempre, Ken Friedman.
Ela não dá ponto sem nó. Seu Spotted Pig é ótimo. O The Breslin, com seu famoso búrguer de cordeiro com queijo azul, melhor ainda. O John Dory Oyster Bar? Outro charme.
Pela lei das probabilidades, o Salvation Taco não deverá decepcionar… Mais um pra minha listinha de lugares a experimentar em janeiro! Parece que irão servir cabeça de porco e cordeiro assado.
(Eu já estou a mil reservando restaurantes, fiz uma lista de onde mais quero comer, neste post aqui).
Salvation Taco
Pod 39 Hotel
145 E 39th St
(entre 3rd e Lexington)
tel. +1 212-865-5800
E mais sobre April Bloomfield:
April Bloomfield e seu John Dory Oyster Bar, restaurante de peixes e frutos do mar no hotel ACE
Brunch no The Breslin: melhor jeito de passar um domingo frio em Nova York
Hambúrguer de cordeiro com fritas “thrice-cooked” do The Breslin: um dos malhores de Nova York