Chefs passam o chapéu
19/12/14 02:00René Redzepi, chef co-proprietário do Noma, em Copenhague, cotado como o restaurante número um do mundo no ranking da revista “Restaurant”, está precisando de dinheiro. Recebi um e-mail anunciando um leilão on-line, que se encerra no dia 18, com o qual ele pretende levantar fundos para aumentar a equipe de sua ONG (o instituto de pesquisas gastronômicas MAD) e para realizar eventos e lançar uma revista de editoriais sobre comida e sustentabilidade.
No dia 28 de janeiro, ele e seu time servirão um menu com influência japonesa no hotel Mandarin Oriental, em Tóquio, para esse fim. Alguém já deu lance de US$ 8.000 por uma mesa para dez pessoas e de US$ 10 mil por uma mesa para quatro pessoas que inclui dois quartos no hotel e –o mais importante– um tour na cozinha com Redzepi em pessoa.
Alex Atala arrecada dinheiro para seu instituto ATÁ vendendo camisetas pelo Instagram e por e-mail.
E a famosa chef Alice Waters, dona do Chez Panisse, perto de San Francisco, ajudou a montar um leilão de arte on-line, no mês passado, em benefício de um centro cultural em Londres.
Nem sempre o objetivo é não- lucrativo. Virou moda na América do Norte financiar a abertura de restaurantes por meio de sites de “crowdfunding”, como o Kickstarter. Há até um site novo, o Foodstart, especializado em projetos de comida.
Os primeiros a pedirem dinheiro para abrir seus negócios eram “food trucks”, mas hoje em dia até chefs reconhecidos internacionalmente não se acanham e lançam campanhas para financiarem seus restaurantes. O melhor exemplo é Isaac McHale, cujo The Clove Club, em Londres, foi inaugurado no ano passado graças a mais de 200 mil libras de investimento coletado por “crowdfunding”.
Não poderia haver cenário melhor para chefs do que ganhar dinheiro de admiradores dando nada ou pouco em troca. Pode parecer fácil, mas as pessoas só querem ajudar chefs e causas que conhecem e respeitam –e conquistar essa confiança toma anos de trabalho.