O Brasil brilhando no MAD, em Copenhague: Alex Atala co-curador
09/04/14 03:01O mundo está cheio —até demais— de fóruns gastronômicos. Toda cidade de respeito tem o seu, com chefs exibindo-se num palco estampado com logos de patrocinadores, estandes promovendo comes e bebes e um formigueiro de chefs, jornalistas e cozinheiros amadores zanzando de crachá. Já fui a dezenas deles e cansei da fórmula.
Há um fórum, no entanto, que faz o oposto dos outros. O MAD, realizado anualmente em Copenhague, na Dinamarca, sob a direção do chef-proprietário do lendário restaurante Noma, René Redzepi, tenta ser o menor possível. Recusa patrocínios. Em vez de palco, coloca chefs para falar em um cenário que parece um matagal. Em vez de auditório, acolhe o público sob uma lona de circo. Chefs não dão receitas: falam sobre algum tema. E misturam-se a outros palestrantes que vão de um artista doidão a um climatologista.
Esse modelo instigante fez tanto sucesso que o MAD ofuscou a concorrência e em três anos tornou-se o mais influente evento gastronômico do planeta. Se chefs famosos cobram cachês de até € 20 mil (R$ 62 mil) para irem a outros fóruns, imploram para falarem de graça no MAD.
Daí a importância de o MAD ter, nesta próxima edição em agosto, Alex Atala como cocurador. O Brasil brilhará.
A participação de três brasileiros, além de Atala, já está confirmada: Rodrigo Oliveira, do Mocotó, de São Paulo, Thiago Castanho, do Remanso do Bosque, de Belém, e David Hertz, presidente da ONG Gastromotiva. Os três irão cozinhar um dos almoços servidos aos participantes.
Anteontem, abriram as inscrições on-line, mas há um processo de seleção para a compra de ingressos. Só em 26 de maio os escolhidos poderão pagar os R$ 1.050 por um lugar na tenda (inclui dois dias de palestras, dois almoços e um jantar).
Nunca vi algo parecido: uma corrida pela chance de gastar para ver chefs. Pelo menos quatro deles, brasileiros.
Serão nossos minutos de fama, tardios, mas merecidos.