Gastón Acurio para presidente?
26/02/14 03:01
Deu no “El Comercio”, principal jornal peruano: se houvesse uma eleição presidencial hoje, o chef Gastón Acurio arrebataria 23% dos votos. Sim: um cozinheiro, e mesmo sem candidatar-se!
Dono de um império de restaurantes pelo mundo, dedica sua vida a promover o Peru no exterior e melhorar a vida de seus habitantes por meio da gastronomia.
A abertura, dia 17, de seu novo projeto Casa Moreyra levou a Lima correspondentes dos jornais “The Sunday Times” e “The New York Times” e saiu na primeira página do jornal e no noticiário televisivo locais. Com enorme festa, lançou-se o complexo gastronômico instalado em uma fazenda tombada, que tem dois restaurantes, espaço para cursos de cozinha e horta.
A ideia: oferecer à cidade um lugar onde pobres e ricos possam celebrar juntos o renascimento da gastronomia peruana. Viajaram da Espanha para prestigiar a inauguração três dos maiores chefs do mundo: Joan Roca (El Celler de Can Roca), Ferran Adrià (do extinto El Bulli) e Andoni Aduriz (Mugaritz), entre outros convidados ilustres.
Ao dar entrevistas, Acurio não falava de receitas: discursava como um Kennedy latino. Apontou para duas camponesas em trajes típicos andinos, que viajaram de muito longe para prestigiar o ídolo, e disse: “A última vez em que pessoas como elas pisaram neste lugar foi como escravas. Hoje, elas são as homenageadas”. Se quer ser presidente para multiplicar projetos sociais como a Casa Moreyra? “Não… Como cozinheiro consigo fazer muito mais coisas.”
Alex Atala também tem ressaltado o poder da gastronomia como ferramenta social. Investe tempo em seu instituto Ata (que, entre outras coisas, valoriza e incentiva os pequenos produtores) e apoia ONGs como a Gastromotiva, que treina gratuitamente jovens de favelas para se tornarem cozinheiros.
“Populismo!”, bradarão uns. “Autopromoção!”, acusarão outros. Mas o fato é que, graças aos dois —e a outros chefs engajados—, a vida de muita gente vem mudando para melhor.