Brooklyn: nova capital gastronômica
11/12/13 03:00Quando o mercurial Paul Liebrandt anunciou que sairia do Corton —restaurante premiado que ele comandou com brilho por cinco anos— e que abriria algo mais simples no Brookyln, nova-iorquinos ficaram estupefatos. Para eles, era algo tão improvável quanto a Helena Rizzo deixar o Maní em Pinheiros para abrir um bistrô em Alphaville.
Em outubro, aos dois meses de idade, o The Elm (no novo hotel King and Grove) foi elogiadíssimo pela crítica do “New York Times” e Liebrandt sagrou-se o primeiro chef de alto quilate e famoso a transplantar-se com sucesso para o Brooklyn, mais conhecido como reduto de artistas, “hipsters” e naturebas do que como um destino gourmet. Ele demonstrou haver método em sua aparente loucura, firmando, com sua chegada, o novo status do bairro como importante capital gastronômica.
Até uns anos atrás eu não atravessava a Brooklyn Bridge para comer: não havia nada extraordinário o bastante para compensar o caro trajeto de táxi. Hoje, quem quer ver o que há de melhor e mais novo na gastronomia local nem pode pensar em ficar só em Manhattan. Uma das reservas mais impossíveis de se conseguir nos Estados Unidos, por exemplo, é no Brooklyn Fare, restaurante de apenas 12 lugares, cultuado por “foodies” e tido por muitos como o melhor da cidade.
Mas há mais no Brooklyn, muito mais, e cada vez mais. Estrela em ascensão, o chef Daniel Burns (ex-Fat Duck, Noma e Momofuku) vem servindo impressionantes menus-degustação em seu novo Luksus.
Os donos da minha pizzaria favorita em Nova York, a Franny’s, abriram o italiano Marco’s, mais escurinho e cerimonioso, onde assam com maestria carnes e verduras em forno a lenha.
Outra pizzaria fantástica, a Roberta’s, tem nos fundos, escondido, o hypadíssimo Blanca, onde o chef Carlo Mirarchi dá show de técnica em menus de mais de 20 pratos. Entre os notáveis há ainda o Aska, de influência nórdica, o Frankies Spuntino e o Reynard, este no novo e deslumbrante Wythe Hotel.
O epicentro da Nova York gastronômica definitivamente cruzou a ponte —e logo a boiada seguirá.
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