Boom hoteleiro leva boas mesas ao Rio
27/11/13 03:00Muitos dos melhores restaurantes do mundo ficam em hotéis de luxo —e não por acaso. Quanto mais fina a mesa, maiores os custos e menor a chance de dar lucro. Nos cinco-estrelas, os quartos subsidiam as caras extravagâncias requeridas pelos chefs, as delicadas louças e taças e o batalhão de garçons.
Por mais de década caiu de moda jantar em hotéis. Mas de três anos para cá notei um revival puxado pela retumbante abertura do excelente NoMad, no hotel homônimo, e pelo sucesso do também delicioso The Breslin, no hotel Ace, ambos em Nova York e tocados pelos estrelados Daniel Humm e April Bloomfield, respectivamente.
Em Paris, o chef Alain Ducasse reabriu seu três-estrelas “Michelin” em um suntuoso salão no Le Meurice. A rede Mandarin Oriental tem investido muito em chefs de renome: no hotel de Barcelona, quem comanda a cozinha é a grande Carme Ruscalleda, e no de Paris, Thierry Marx.
Mas é no Rio (onde Ducasse vai abrir um restaurante em sociedade com Alex Atala) onde mais vejo a hotelaria dando forte impulso à cena gastronômica. Até pouco atrás, um Saara onde boas mesas contavam-se nos dedos de uma mão, a cidade enriqueceu com a abertura do Al Mare, no hotel Fasano, do Térèse, no hotel Santa Teresa, e do subestimado Alloro, no Windsor Atlântica.
O boom hoteleiro pré-Copa trará mais. Está em construção a filial carioca do Emiliano de São Paulo, em Copacabana, que certamente contará com um restaurante de primeira classe. Em 2015, os donos do Santa Teresa abrirão o Baba Square, menos luxuoso, no mesmo bairro, enquanto o grupo Sofitel dará um precisado “up” no velho Caesar Park, relançando-o como So, um hotel de design. Ambos deverão ter restaurantes bacanas.
Há ainda o pan-asiático, com carta de chás e balcão de sushis, que será aberto em janeiro no Copacabana Palace pelo chef-celebridade sino-americano Ken Hom.
E que venham outros.
E como bem lembra meu amigo Gustavo, se há um hotel carioca que investe há muitos anos em gastronomia, esse hotel é o Sofitel, cujo Pré-Catalan está entre os mais refinados da cidade. Posso não ser apaixonada pelo estilo de cozinha, e acho que há falhas de execução, mas mesmo assim tiro meu chapeu. Aliás, hospedei-me lá em julho passado, jantei no Pré-Catalan e saí impressionadíssima com o nível do serviço, não só no restaurante como no hotel inteiro. Eis um cinco-estrelas verdadeiramente world-class, coisa (ainda) tão rara no Rio.