Diga-me o que Instagrameias e te direi quem és
02/11/13 01:40
Sou 100% viciada no Instagram. Culpa do Edgard Costa, um dos sócios da CIATC (holding que inclui Pirajá, Astor e Casa Bráz), que um dia me disse mais ou menos um ano atrás: “já viu esse app Instagram? Você adora tirar fotos, tem a sua cara”. Pronto: baixei e apaixonei-me.
Pelo app aprendo muito. Descubro novidades. Vejo patotas tendo conversas públicas (vide foto acima), e sei quem viajou quando e para onde (Benny Novak e Renato Ades da Tappo Trattoria, Deco Lima da CIATC e etc., por exemplo, acabam de voltar de Nova York, amaram o Carbone mas decepcionaram-se com o Mission Chinese; Alex Atala umas semanas atrás esteve lá promovendo seu livro).
Aliás, sigo montes de chefs ciganos, que pulam de evento em evento, de país em país. Eu, seu fosse chef, ficaria moita: tem coisa mais queima-filme do que postar provas de que você raramente põe os pés em sua própria cozinha e prefere ficar enchendo a cara com amigos?
Através do Instagram, sei que @FelipeBronze lançou menu novo de almoço no Oro, no Rio, cidade onde esteve o chef Raphael Despirite, do Marcel, (@RDespirite) cozinhando um jantar pop-up (no Morro do Vidigal e bacana à beça, por sinal, deu dó de não ter ido). Confiram as fotos em @fechadoparajantar. Foi das coisas mais legais que vi nos últimos tempos, parece que rolou um som ótimo (blues), sem falar que eu adoro a vibe de uma favela carioca (sem piada).
Sei, também pelo Instagram, que o Shin Zushi continua sendo o japonês mais frequentado pela “tchurma” que entende do assunto (sim, estou falando de vcs, @ivanmarchetti @chickenwingsblog e @fabmoon ), embora o Jun esteja quase pau-a-pau, e que os hambúrgueres do ZDeli sempre entusiasmam mais do que quaisquer outros de São Paulo.
Também foi lá que descobri que o Epice resolveu investir em um barman sério, rapidamente mudando a fama de restaurante-com-drinques-medíocres para restaurante-onde-quero-começar-a-noite-no-bar. Atesta, entre outros boêmios, o entendido no assunto @botecodojb, que toma uma quantidade inconcebível de negronis por semana.
E a repentina avalanche de fotos da Tappo Trattoria? Instagrameiros caíram de amores, e deve ser por causa do novo chef.
(eu conto detalhes aqui).
Mas voltando ao título do post, acho que a maneira com que fotos são postadas, do capricho da edição à frequência, dizem muito sobre o “postador”. Iria mais longe, generalizando os “instafoodies” assim:
1) blogueiros/jornalistas postando muitas imagens de lugares/restaurantes onde estão: “instagrammers” querendo retribuir a quem os convidou.
2) pessoas postando 5 a 15 (sim, 15!) fotos de um mesmo jantar, prato por prato: inseguros e querendo exibir o “feito” de estar no dito restaurante.
3) aqueles que clicam e postam sem pensar nem editar, mesmo que o prato pareça ração de cachorro ou porcaria de beira de estrada: ingênuos fadados a uma eternidade de poucos seguidores (tenho um amigo que se encaixa da descrição perfeitamente mas não tenho coragem de alertá-lo).
4) chefs que postam pratos, ou ingredientes que farão parte de um prato: espertos que percebem o poder da ferramenta. (Mas há aqueles que exageram e aí entram em outra categoria: malas obcecados pela auto-promoção).
5) pessoas que postam assiduamente e caprichosamente, claramente tomando o cuidado de editar cada foto e responder a cada pessoa que deixa um comentário: ou querem transformar sua nascente “celebridade” em negócio, ou têm sede de atenção.
6) os selfie-addicts (Traduzindo: os que postam muitas fotos de si mesmos, comendo, bebendo e abraçando chefs famosos): narcisísticos cansativos.
7) Excluindo o @ManoelBeato, sommelier do Fasano, que tem a boa fortuna de “ter” que provar os sucessivos canhões pedidos pelos clientes “bolsos-sem-fundo”, há os instagrameiros que postam os chamados “canhões” (vinhos excepcionais de safras excepcionais), com frequência impressionante: são pessoas que querem provocar comentários e engajarem-se em conversas com seguidores que apreciam a “brincadeira”. Acabam tornando-se amigos pelo interesse comum. Geralmente demonstram um quê de “síndrome do pavão”, se me entendem (vejam bem: sendo justa e sincera, não só adoro a colorida beleza das asas dos pavões como quando abrem canhões para mim sou a primeira a querer contar para o mundo inteiro, tamanho entusiasmo e gozo).
O fato é que hoje o Instagram é ferramenta indispensável do meu trabalho, e divirto-me observando o circo à distância e categorizando os tipos.
Talvez, a parte mais gostosa do meu trabalho…