Os 10 melhores restaurantes de 2013
22/10/13 15:59Ontem votei, através de um website fechado, para o famoso e controvertido ranking World’s 50 Best Restaurants. Sempre é um bom exercício, ir lembrando dos jantares e almoços dos últimos 18 meses e escolhendo os melhores.
Fiquei pensando naquilo horas, flashes de pratos passando na cabeça como se fossem um videoclip. E resolvi transformar o brainstorm em algo útil: um post listando as minhas 10 melhores experiências à mesa em 2013 (só para deixar mais-do-que-claro, não são necessariamente os restaurantes em que votei).
1- Fäviken – Jarpen
Já escrevi isso neste blog e repeti incontáveis vezes a amigos: não há hoje no mundo restaurante que se iguale ao Fäviken, no norte da Suécia. É o pacote completo: pratos, sem exceção, deliciosos; estilo de cozinha único, nada déja vu; cenário bucólico saído de um conto infantil. A aventura de chegar até lá (trem noturno mais uma hora em carro alugado por estradinhas nevadas) já deixa as pessoas excitadas antes mesmo de sentarem-se à mesa. Passar a noite na fazenda onde fica o Fäviken, fazendo sauna antes do jantar, realça ainda mais a sensação de estar sendo transportado para outro mundo. Longíssimo? Sim. Viagem custosa? Sim. Mas quando eu tiver tempo e fundos suficientes, repetirei sem pensar duas vezes. É bom nesse nível.
Aqui, fotos e detalhes de meu jantar no Fäviken.
2- El Celler de Can Roca, Girona
Todo paulistano sabe que Joan Roca esteve agora na cidade participando de almoços e jantares. Mas como sempre digo, comida feita fora de casa nunca é igual. Não experimentei o que foi servido em São Paulo, mas sei que não era nada do menu degustação atual do Celler de Can Roca. Menu que tive a sorte de experimentar em julho. Em certos momentos, os pratos chegam a comover, seja pela engenhosidade da ideia que está por trás, seja pela indescritível e minuciosa beleza. Décadas de trabalho lado a lado fez muito bem aos três irmãos Roca: sua perfeita harmonia resulta em um menu absolutamente perfeito.
- Entrevista exclusiva com os irmãos Roca, feita no dia em que El Celler de Can Roca ascendeu ao posto #1 da lista The World’s 50 Best Restaurants. Na FOLHA.
- Minhas impressões do último almoço no El Celler de Can Roca, na FOLHA.
- Relato completo, com fotos prato-a-prato, de um almoço no Celler de Can Roca
3 Eleven Madison Park – Nova York
Impecável do amuse bouche às mignardises. Não conheço salão mais belo, nem brigada mais eficiente – movem-se como em um balé, quase. Um pé no classicismo, outro no teatral: pratos que homenageiam Nova York, cidade adotiva do chef suíço Daniel Humm vão de singelos biscoitos quadriculados branco-e-pretos a um dramático tartare de cenoura feito na frente do cliente.
Mais nesta coluna publicada no COMIDA: “Daniel Humm reina em Nova York”
4- 41 Grados – Barcelona
Outro que já elogiei inúmeras vezes, Albert Adrià continua deslumbrando com seus longuíssimos e louquíssimos menus-degustação que levam os clientes em uma viagem sensorial. Voltei lá em junho pela segunda vez e saí de lá certa de que tinha comido em um dos 3 melhores lugares do mundo – por sorte, pouca gente se dá conta disso e, com muito esmero, ainda é possível conseguir lugar no minúsculo restaurante.
5- Osteria Francescana – Modena
Tem gente que diz que esse restaurante não é o mesmo quando Massimo Bottura não está. Meu último jantar lá, estupendo, desmente essa teoria. Tem muita alma e muito coração nos pratos dele, que em conjunto soletram uma carta de amor à Itália. O avant-gardismo não atropela os sabores. E o sommelier (Beppe) é o mais provocador, divertido e excêntrico que já conheci.
6- Pujol – Cidade do México
Não esperava tanto, confesso. Já no terceiro prato do menu degustação eu percebi que o chef Enrique Olvera chegou a um nível a que pouquíssimos chegam. Um México sofisticado, delicado, saborosíssimo. Desses que valem a viagem.
7- Central – Lima
Este ano foi minha terceira visita. E esse “menino” Virgilio Martinez não pára de melhorar. Gosto de como joga bem com a acidez. Gosto de seu jeito de contar uma história sem cansar, e sem deixar a harmonia de sabores em segundo plano.
Mais sobre Martinez: “O Alex Atala do Peru?”
8- Roberta Sudbrack – Rio de Janeiro
Não sei porque tantos conhecidos e leitores implicam quando digo que gosto muitíssimo da comida da Roberta. Está longe de ser unanimidade, entendo. E o espaço não tem o charme ou a beleza luxuosa de um Fasano ou D.O.M. Mas não minto quando digo que meu último jantar lá, em julho, estava nada menos do que espetacular. O ojo de bife com béarnaise até hoje não me sai da memória. E antes que algum leitor pergunte… “E o D.O.M.?!”, já vou dizendo: este ano ainda não fui ao D.O.M., e no Maní só comi um prato, um delicioso arroz de lagostins, então por isso os dois não poderiam constar nesta lista…
9- Bror – Copenhague
A grande surpresa de minha ida recente a Copenhague. Lugarzinho meio feio, pouco confortável, carta de vinhos pesadamente “bio/natural”, o que acho frustrante, mas….. que pão! Que manteiga! Que peixes! Que lula! Eu, que esperava pouco, a cada prato que provava ficava mais espantada. Ainda mais porque o Bror é relativamente novo. Esse vai longe, tenho certeza.
10 – Gastrologik – Estocolmo
Melhor restaurante de Estocolmo, na minha opinião, mais afinado do que o concorrente famoso e premiado, Frantzén. Lindo salão branco e minimalista com cozinha aparente. Lindos sabores locais, elegantemente apresentados.