Chef Virgilio Martinez, nova estrela do Peru, cozinha em São Paulo com Alberto Landgraf
14/06/13 23:53Sou meio teimosa.
Sei exatamente o que dá ibope em um blog de comida. Para fazer a audiência disparar, basta falar mal. De qualquer coisa. Pão ressecado, conta alta, serviço antipático.
Em segundo lugar, o que mais faz sucesso é a famosa “dica”. Vá comer no bistrô do fulano porque o filé com fritas é ótimo.
Mas não vale bistrô em Vladivostok: os leitores querem dicas de São Paulo, principalmente.
E eu…. falo vez ou outra da minha cidade. Conto de meus lugares favoritos. Confesso meu vício por bom sushi, tão raro e tão caro (salve Shin Zushi!). Mas insisto em levar a conversa para fora, para longe, para o que se passa além-mar. Mesmo que poucos se interessem.
E muito do que se passa além-mar está em Lima, no Peru. A cidade está longe de ser uma cidade dos sonhos. Só que tem grandes restaurantes e comida de rua de chorar por mais. E jovens chefs cheios de ideias e ambição.
A estrela da nova geração chama-se Virgilio Martinez. Um garoto recém-casado, com cara de menino, ex-skatista. Mas mais centrado, ambicioso e sábio do que se poderia supor.
Já escrevi dele algumas vezes. Já disse que tinha potencial, ainda no comecinho.
Agora, ele desabrochou.
Convenhamos: Lima não é exatamente o destino de férias escolhido pela maioria dos paulistanos. Longe disso. Poucos que me leem terão a oportunidade de comprovar o talento de Martinez no restaurante dele, o Central.
Mas a boa noticia é que Martinez virá a São Paulo, para cozinhar pela primeira vez nestas bandas.
Será um jantar a quatro mãos, dia 8 de julho, com outro jovem de talento: Alberto Landgraf.
Eu muitas vezes evito esses jantares de chefs convidados. Raramente mostram o verdadeiro potencial de um cozinheiro. Podem ser um tiro n’água, especialmente quando acontecem em salões grandes (a palavra banquete me dá arrepios). Mas por esses acasos da vida já pude provar pratos de Martinez em jantares nos lugares mais díspares, como Melbourne (!) e Londres. E ele acerta toda vez.
Por isso digo: este será dos bons.
Uns pratos de Martinez, outros de Landgraf.
No Epice.
E diferentes champagnes Ruinart para acompanhar, de cabo a rabo (esperemos que o sommelier segure essa). Inclusive, com dois dos pratos servirão Dom Ruinart 2008 com dois dos pratos.
Se eu puder estar em São Paulo na data, irei.
Mas de todo modo, recomendo sem medo.
O menu segue abaixo. Se não entenderem a metade, não tem problema: a graça está justamente em buscar ver de que diabo se trata essa tal nova cozinha peruana….
A “batata seca”, por si só, é uma viagem….
1 – TIRADITO (Martinez)
Vieiras, Kañihua, Abacate
2 – CAUSA (Martinez)
Camarão, Semente de Chia, Micro Ervas
3 – PACHAMANCA (Martinez)
Batata Seca, Kiwicha, Café
4 – PELE DE PORCO (Landgraf)
Pele de Porco, Grao de Bico Fermentado, Cebolinha, Tapioca
5 – COXAO DURO (Landgraf)
Coxão Duro, Tendão de Boi, Mandioca
6 – CHIRIMOYA (Martinez)
Chaco Clay, Folha de Coca, Cacau
7 – CASTANHA DO PARA (Landgraf)
Sorvete de Castanha do Pará, Rapadura, Castanha Crua
Preço: 450 reais com serviço e vinhos
Reservas: 11 3062-0866
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