Melbourne e o microscópico mundo da alta gastronomia
10/03/13 01:53Já fui a um bom número de fóruns de gastronomia pelo mundo, mas até hoje me surpreendo quando encontro chefs que conheço lá do meu “pedaço” dando palestra do outro lado do planeta.
Estou na civilizada e ensolarada Melbourne, na Austrália, para fazer a cobertura do divertido Melbourne Food and Wine Festival. E embora vários australianos tenham subido ao palco, as grandes estrelas do evento vieram de tão longe quanto eu.
Há o Virgilio Martinez, nova promessa peruana, cujo restaurante Central, em Lima, só perde para o Astrid & Gastón de seu mentor, o famoso Gastón Acurio.
Há Enrique Olvera, o Alex Atala do México, que além de muito festejado por seu restaurante Pujol agora está envolvido na organização de um outro fórum de gastronomia, o Mesamérica, em seu próprio país (Alex Atala e Gastón Acurio, entre muitos outros nomes, irão participar da próxima edição, em maio).
Há Magnus Nilsson, de quem já muito falei aqui na FOLHA.
E há Sean Brock, do Husk, na Carolina do Sul, outro jovem superstar da gastronomia, que esteve em São Paulo em 2012 para a Semana MesaSP.
Jantei com eles anteontem em uma reserva ecológica, em que o maior talento local, Ben Shewry, do premiado restaurante Attica, assou porco e repolho debaixo da terra usando método tradicional (hangi) de seu país de origem, a Nova Zelândia.
E enquanto conversávamos sob as estrelas e lampadinhas de quermesse eu me admirava com o surrealismo da cena e com o encurtamento das distâncias que separam esses jovens de seus clientes e admiradores, hoje espalhados pelos quatro cantos do globo.
Por um lado, é um privilégio tê-los todos juntos aqui, falando de suas filosofias de trabalho. Por outro, eu me pergunto se está certo um mundo em que talentos como eles sentem-se obrigados a fazerem marketing pessoal batendo cartão em eventos como o Melbourne Food and Wine Festival, para ajudar a garantir a sobrevivência de seus negócios – abandonando temporariamente, no processo, o próprio restaurante que lhes alçou à fama. (Essa reflexão foi tema da minha coluna no COMIDA dessa semana, aqui o link).
E mais de meus escritos sobre Magnus Nilsson e fóruns gastronômicos aqui na FOLHA:
- Magnus Nilsson extrai sabores de alimentos envelhecidos
- Magnus Nilsson, menino-prodígio da Suécia, lança livro sobre o Fäviken
- Magnus Nilsson e a barreira entre o comestível e o podre – coluna no COMIDA
- Um relato prato-a-prato, com fotos, do meu jantar no Fäviken, de Magnus Nilsson
- A feira gastronômica MISTURA, em Lima, no Peru
- O MAD Symposium, em Copenhague, na Dinamarca
- Cem países se reúnem para o Salone del Gusto, em Turim, na Itália