Um chef tem que beijar bem, mesmo sem saber quem ele está beijando
21/02/13 01:41Os mais pudicos que mudem de página: não tinha como não contar essa que me aconteceu hoje.
Liguei para Copenhague, aqui de onde estou (Bahia, de novo!) – só isso, uma aventura em si, considerando a precariedade das telecomunicações onde me hospedo – para entrevistar o genial Bo Bech, dono do Geist (um chef daqueles que é adorado por outros chefs, o que é sempre um bom sinal).
Queria entrevistá-lo sobre algo que sairá em breve na FOLHA.
Falando de restaurantes gastronômicos, ele de repente me pergunta:
“Alguém já te beijou mal? Como é um beijo ruim?”
Eu, atônita, enrolei “Er… veja bem… sei lá, claro que eu sei o que é um beijo ruim. Agressivo demais?”.
Ele:
“Pode ser um beijo com um de mil defeitos. Língua demais, língua de menos, molenga, forte, etc. E o que é um beijo bom?”
Eu:
“Ora, é fácil: um beijo dado quando se está apaixonada(o).”
E aí ele disse que com os restaurantes é o mesmo. Quando não é um lugar apaixonante, um chef apaixonante, a gente analisa clinicamente os defeitos. Não estava bom porque passou do ponto, ou faltou sal ou sei lá o quê. Mas quando caímos de amores por um restaurante, nem lembramos do porquê, mal reparamos nos defeitos, apenas nos deixamos levar, como quando damos um beijo apaixonado.
Só que para o chef é mais difícil. Ele não sabe quem vai “beijar” a cada noite, e mesmo assim tem que se virar para deixar a pessoa (o cliente) enamorado(a) o suficiente para nem ligar para eventuais falhas.
E não é que ele tem razão?!
p.s. por falar em Bo Bech, se alguém estiver com viagem marcada a Copenhague, recomendo vivamente reservar cadeiras no “bar” do Geist, onde se vê o show da cozinha. Não é um lugar ultra chique e sofisticado, mas sim animado, jovem. E come-se muuuuuuuuuuito bem – melhor do que em muito lugar estrelado que custa o triplo.