Quando crescer, quero ser como a Nina Horta
26/01/13 04:24Quando crescer, quero escrever como a Nina Horta. Há texto de comida mais gostoso que o dela?
Quanto mais anos se passam mais constato que estilo de texto é como aquela sombra da qual o Peter Pan vivia tentando se livrar. Não desgruda!
Meu estilo é… mais ou menos como eu. Sério demais, Literal demais. E porque tanta seriedade, se no dia-a-dia me acham tão engraçada? Nem eu sei.
O que sei é que mesmo antes do longínquo ano de 1997, quando convidei Nina para provar um risoto que fiz seguindo receita do chef Luciano Boseggia (tarde tragicômica, que narrei na coluna que aparece acima…) faço inúteis esforços para ter a mesma graça dela. Nina tem pequenas sacadas. Palavras certas, nos lugares e nos momentos certos. Frases que cantam.
Um dia, quem sabe?
Leio assiduamente a revista New Yorker – não há resenhas de restaurantes melhores no mundo – e sempre, no fim da leitura, digo pra mim mesma que aquilo sim, é saber escrever (um pequeno parêntese, dirigido à Nina: SIM, tem gente com tempo e paciência para ler a revista de cabo a rabo a cada semana! Incluo-me entre os loucos…).
Que humor fino, que talento para descrever à perfeição, em três ou quatro parágrafos, e sem fotos como muleta, um restaurante. São retratos perfeitos. E ainda acham, naquele pequeno espaço, uma linha ou duas para fazer uma graça que acrescenta ao que se está tentando descrever.
Como diria um antigo chefe meu, o Paulo, “a gente tem que estudar os benchmarks”. A New Yorker é e sempre será o meu benchmark, mesmo que eu ache que em português faltam aquelas expressões deliciosas do inglês, aquela liberdade para inventar palavras que fazem sentido de imediato, recém-nascidas. Nunca teremos uma New Yorker, ou uma resenha de restaurante que chegue aos pés do que eles fazem.
Nos textos da Nina, entretanto, encontro um pouco daquilo que busco na New Yorker, que por falta de palavra melhor em português eu chamaria de… wit. E humor. Ontem mesmo, tarde da noite, lendo o blog dela, eu ria sozinha. Riso solto, gostoso, de quem saboreia cada linha.
Ô, Deus, porque não nasci engraçada assim?