Em Trancoso, mais do mesmo
09/01/13 03:00Venho todos os anos a Trancoso e me perguntam porque não faço um guia dos restaurantes dessa praia do sul da Bahia. De que serviria, me pergunto? Aqui, para o bem ou para o mal, a tendência sempre é mais do mesmo. No verão, paulistas, cariocas e (cada vez mais) estrangeiros ricos vêm em busca de festas glamourosas, sol e praia e social nos restaurantes do circuitinho.
O que querem quando jantam fora? O blend de ambiente animado e belo e comida boa. O gourmet que vai atrás de um buraquinho feio só porque ouviu dizer que o chef faz um ceviche incrível? Peça rara. A maioria dos frequentadores de Trancoso quer mais é badalar. Se, por acaso, a moqueca estiver boa, é lucro.
Fica fácil prever quais lugares voltarão a emplacar. Os campeões em charme e badalação continuam a pizzaria Maritaca e o Jacaré Los Negros (esse último, parceria do chef argentino Francis Mallmann com os paulistas Fernando Droghetti e Jean Milan). Quase vizinhos, oferecem o que há de menos baiano. Pizza de rúcula, carpaccio e Nutella com banana no primeiro; tartare de atum, ojo de bife e crepe com dulce de leche no segundo.
Conhecidos reclamam dos preços altos. E voltam noite sim, noite não, mantendo um climinha de perene animação.
Para não dizer que os forasteiros não comem moqueca, os bons baianos do Quadrado (a pracinha central, gramada), Silvana e Cantinho Doce, vivem cheios. Cobram preços de Londres por seus camarões, mas oferecem, em troca, vista para a icônica igrejinha e camarote para o vaivém de personagens.
No entanto, lugarzinhos como a ótima parilla de um casal de argentinos e o sushi frequentado por locais não emplacaram. A nova pizzaria de um egresso do Maritaca, com cevicheria anexa, tampouco.
O relato a amigos paulistas de minha última descoberta –o sacado Monkey Bar, de um francês e dois texanos, que serve fish’n’chips e frozen margarita impressionantes–, foi recebido com olhares perplexos. Aqui, descobertas importam menos do que conseguir mesa no bom de sempre.