Restaurantes pop-up: o mais legal de todos ocupou o metrô de Nova York!
15/11/12 17:15A capa do caderno COMIDA desta semana, por coincidência, aborda o mesmo tema da minha coluna de estreia no mesmo caderno, ano passado. Acabo de relê-la, e, curiosamente, tudo o que escrevi à época ainda se aplica…
Por isso, resolvi repostar aqui. Lá vai:
A onda do restaurante pop-up
EM UM DOMINGO, a garota com ar de agente secreta distribuía passes de metrô na Oitava com 14, em Nova York, a pessoas que chegavam e davam seus nomes. O grupo desceu até a estação e entrou em um vagão rumo ao Brooklyn. Surgiram garçons de gravata-borboleta e luvas que montaram mesas e ofereceram água: “com gás ou sem, senhor?”.
Iniciou-se um surreal almoço. Seis serviços foram embarcados, um a cada parada. Na primeira chegou “amuse bouche”, crudo com tutano e ovas de truta, até que, quase no Brooklyn, pannacotta com coulis de framboesas encerrou o festim.
Quem viu, não esquecerá. Quem não viu ficará na vontade. O restô sobre trilhos não se repetirá. Vejam o vídeo:
Esse talvez tenha sido o mais audaz dos pop-ups -restaurantes temporários, que viraram febre em Nova York. Chefs servem menus por dias ou semanas, em espaços como o LTO no Lower East Side. Até a vetusta James Beard Foundation, que promove a cultura gastronômica nos EUA, entrou na onda com um pop-up no Chelsea Market (mercadinho no bairro homônimo). Lá cozinharam juntos, este mês, os cultuados chefs David Chang, do Momofuku (Nova York) e Inaki Aizpitarte, do Le Chateaubriand (Paris).
Os lugares se esgotaram em minutos. Como no ano passado, quando um caixote envidraçado pousou no topo do Palais de Tokyo, em Paris, servindo jantares: impossível reservar. Aí está um porquê da multiplicação dos pop-ups: frisson e novidade lotam mesas e dão dinheiro.
Chefs que embarcaram na onda têm nome, mas raros podem dizer que clientes se estapeiam para comer em seus restaurantes permanentes. Nos pop-ups, a história muda. Todo gourmet ou aspirante quer se gabar de ter estado no jantar de fulano ou no contêiner que serviu lagosta por três dias no beco “x”. A situação importa mais que a comida.
Não surpreende que empresas globais entrem no jogo. Se quem cria um pop-up diferentão torna-se automaticamente cool, porque uma Electrolux não seguiria os chefs?
Assim surgiu o Cube, objeto aerodinâmico de alumínio que materializou-se sobre o Arco do Triunfo de Bruxelas, em abril de 2011. Depois de servir refeições no céu por três meses, o cubo viajará pela Europa, sob comando de um chef local a cada parada. Quase imediatamente depois de abrirem as reservas, esgotaram-se os lugares. Esse é o objetivo do pop-up: ser inusitado e badalado o bastante para nunca ter mesa para mim ou você.